Ex-vice-reitor disputa comando da UFC com candidata apoiada por Cândido

Tradicionalmente, o mais bem avaliado na consulta é indicado como reitor. A exceção aconteceu durante o governo Bolsonaro, que optou pelo no nome do atual reitor Cândido Albuquerque, que não tentará reeleição

Está marcada para 25 e 26 de abril a consulta pública à comunidade universitária da lista de candidatos a reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Após a votação, o Conselho Universitário (Consuni) vai formalizar e enviar a lista ao Ministério da Educação. Tradicionalmente, o mais votado pelo corpo universitário é indicado pelo presidente para ocupar o cargo durante um mandato de quatro anos.

A votação será eletrônica e remota, em sistema fornecido pela Superintendência de Tecnologia da Informação (STI), e será realizada entre 8h e 21 horas dos dois dias de votação, segundo a Comissão Eleitoral, para garantir a “maior presença possível da comunidade universitária”. A categoria de professores terá peso de 70% na apuração dos votos, enquanto a de servidores técnico-administrativos e de estudantes terão 15%, cada.

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Apenas duas chapas concorrem. A primeira é a "Unir para Avançar", que tem como candidata a reitora a professora da Faculdade de Medicina, Elizabeth Daher, atual pró-reitora de Extensão, e como candidato a vice-reitor Almir Bittencourt, atual pró-reitor de Planejamento e Administração. O grupo é apoiado pelo atual reitor Cândido Albuquerque, que não se colocou à reeleição.

Já a chapa "UFC Viva e Democrática" tem como candidato a reitor Custódio Almeida, docente do Instituto de Cultura e Arte (ICA), e como candidata a vice-reitora a Diana Azevedo, atual vice-diretora do Centro de Tecnologia (CT). Custódio foi o mais votado pelo corpo da universidade na última eleição, mas acabou não sendo escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tinha, como todo presidente, o poder de determinar a indicação ao cargo.

Polêmica na última eleição

O novo processo eleitoral para a cadeira da Reitoria acontece após um processo conturbado no último pleito. Então vice-reitor da universidade, Custódio Almeida recebeu 7.772 votos, enquanto Cândido Albuquerque, na época à frente da Faculdade de Direito, ficou em último da lista com 610 votos. Os nomes foram enviados a Bolsonaro, que nomeou Cândido. Embora, não seja obrigado a indicar o mais votado pela comunidade universitária, tradicionalmente, os presidentes seguem o resultado da consulta pública.

A indicação gerou insatisfação no corpo acadêmico e provocou manifestações de alunos e docentes. O caso também acabou sendo judicializado. A Justiça Federal, no entanto, indeferiu a ação judicial contra a União ajuizada pelo Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc), reconhecendo não haver "qualquer ilegitimidade" na nomeação do reitor.

Ao longo dos quatro anos, Cândido se envolveu em embates ideológicos com o corpo acadêmico e com parlamentares por questões políticas. Em junho de 2021, respondeu publicamente o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), que se referiu ao ex-presidente como “o pior da história do Brasil”. “Pior que o Lularápio? Duvido! Lula reverteu todos os valores republicanos!”, afirmou Cândido em postagem nas redes sociais. Ele apagou a postagem pouco tempo depois.

Em novembro de 2021, Cândido foi homenageado pelo então ministro da Educação, Milton Ribeiro, por sua atuação na instituição cearense. Na época, o então ministro do MEC justificou a homenagem por Cândido ter proibido a implantação de "banheiros ideológicos" na UFC, uma referência aos banheiros para pessoas trans e não binárias.

O reitor foi um dos que apoiou a campanha eleitoral de Bolsonaro e chegou a recepcionar o ex-mandatário em visita ao Ceará em data próxima ao segundo turno. Este ano, no entanto, posou ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), em evento em Brasília. Em março, ele usou as redes sociais para acusar o ex-adversário, Custódio Almeida. “Cansei de ser injustiçado. Fui acusado pelo meu concorrente de ter sido nomeado reitor por influência política, quando ocorreu exatamente o contrário. Fui nomeado reitor pelo meu currículo, o qual todos conhecem”, disse.

E continuou: “Na disputa pela reitoria o meu concorrente, que foi criado com o leite da Arena e educado com o tody do PDS, foi apoiado pelo partido do Bolsonaro. Mas não tem currículo. O que ele produziu intelectualmente nos últimos dez anos? Na falta de currículo, mesmo com o apoio dos bolsonaristas, foi preterido!”.

Candidatos

Elizabeth Daher é pró-reitora de Extensão da UFC. Daher é professora efetiva do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina (Famed), onde foi vice-coordenadora do curso e coordenadora do internato da Faculdade, de 2010 a 2018. Ela tem graduação (1983) em Medicina pela UFC e mestrado (1992) e doutorado (1999) em Medicina (Nefrologia) pela Universidade de São Paulo (USP).

Custódio Almeida é professor do Instituto de Cultura e Arte (ICA), na área da Filosofia, desde 1993. Além de vice-reitor, Custódio já foi coordenador de curso, chefe de departamento, diretor de Unidade Acadêmica e pró-reitor de Graduação. Ele é graduado em Computação pela UFC (1988) e em Filosofia ela Uece (1991), com doutorado em Filosofia pela PUCRS (2000).

 

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