Evandro diz que suposta ligação de deputado à facção macula imagem da Assembleia

A menção de uma suposta ligação gerou um incômodo por, na visão das lideranças partidárias, prejudicar a imagem do Parlamento

O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PDT), quer identificar quem poderia ser o deputado supostamente envolvido com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). O parlamentar disse que a suposta ligação “macula” a imagem do Parlamento e coloca um “ponto de interrogação em cima da cabeça” dos deputados tanto estaduais quanto federais. Segundo ele, ainda não houve resposta sobre a solicitação. 

“Nós demos entrada ontem nesse ofício pedindo informações de quem é esse suposto deputado ou ex-deputado no sentido de nos resguardar e proteger a nossa Casa. O Parlamento não pode ser maculado em momento algum e a população não pode ter essa compreensão que aqui tem um ou outro com a atuação desviada”, ressaltou.

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O deputado falou sobre o caso nesta quinta-feira, 30, um dia após solicitar à Polícia Federal evidências ou indícios que apontem envolvimento de deputado estadual ou ex-deputado estadual do Ceará com a facção criminosa.

Documento atribuído à facção foi apreendido pela PF na operação Sequaz, durante diligência no Paraná. A investigação é a mesma que revelou plano contra autoridades, inclusive o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).

O documento em questão cita políticos e advogados cearenses. Em um dos pontos consta: "Viagem a Fortaleza reunião com o Deputado". O nome do suposto parlamentar não foi informado.

“Se tem algo errado, que se divulgue dando nomes aos bois, mas não de uma forma totalmente abstrata e onde se coloca em cima dos 46 deputados estaduais, e até dos deputados federais, um ponto de interrogação em cima da cabeça de todos nós”, disse ainda.

Lideranças partidárias são unânimes em repudiar suposta ligação

A menção de uma suposta ligação com a facção criminosa movimentou os bastidores da Alece e gerou um incômodo por, na visão das lideranças partidárias, prejudicar a imagem do Parlamento. Ainda na quarta-feira, 29, deputados do União Brasil protocolaram um pedido similar solicitando mais informações.

O deputado Sargento Reginauro (União Brasil) afirmou que a possibilidade gera um “mal-estar” na Casa justamente por levantar suspeitas externas sobre todos os parlamentares. Ele questiona também se a menção não poderia ser um codinome. O questionamento é levantado também por sua companheira na oposição, a líder do PL, Dra. Silvana

“Isso gera um mal-estar muito grande porque a partir do momento em que coloca que um deputado teria relações diretas com uma das facções mais perigosas do Brasil, mas não diz quem é, você coloca em suspensão todos os deputados estaduais e federais em atuação”, pontua Reginauro. 

Líder da maior bancada da Alece, fruto da fusão de seis partidos, De Assis Diniz (PT) aponta que a PF “não vai negar o pedido” e também demonstrou preocupação com a imagem da Assembleia.

Ele defendeu o partido diante de acusações, em plano nacional e estadual, de que o PT teria relações com a facção. Em reunião na Câmara dos Deputados nesta semana, por exemplo, o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB) foi indagado sobre uma suposta relação e chamou de “canalhice” o questionamento.

“O PT é vítima desta postura irresponsável desde o primeiro mandato do presidente Lula”, reforçou o deputado. E conclui: “Macula a imagem da Casa. Você não pode trazer isso sem o devido direito de resposta, caso seja apontado alguém. A pessoa tem o direito. Todos aqui têm uma vida”.

Guilherme Landim, líder do PDT na Alece, foi enfático em destacar que, com a confirmação, o Parlamento deve agir “fortemente” e destacou ser “inaceitável” aceitar que o crime organizado pudesse estar infiltrado na Casa.

“Nós queremos saber da verdade. Quando isso chegar de fato, e tendo provocação e essa investigação chegando, temos que agir fortemente. Não dá para conceber que haja de maneira alguma interferência e aceitar que o crime organizado possa estar esteja na Assembleia Legislativa“, ressaltou.

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