Documento de facção com políticos cearenses se refere a suspeito de mandar matar Gegê e Paca
Material apreendido pela PF registra gastos de grupo criminoso com viagens a Fortaleza para contato com advogados e políticos cearenses a respeito do "cliente Gilberto". Trata-se de Gilberto Aparecido dos Santos, o "Fuminho", suspeito de ser um dos mandantes do assassinato de Gegê do Mangue e Paca, em Aquiraz
20:12 | Mar. 29, 2023
Apreendido pela Polícia Federal durante a operação "Sequaz", deflagrada na semana passada, um documento de facção criminosa que cita políticos e advogados cearenses tem relação com o processo judicial que apura a responsabilidade pelos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o "Gegê do Mangue", e Fabiano Alves de Souza, conhecido como "Paca", ex-líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
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A dupla foi morta em fevereiro de 2018. Os corpos foram encontrados em território indígena no município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Um dos suspeitos de ordenar o crime é Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, que já cumpre pena no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, estado onde a Polícia Federal executou a ação que desbaratou planos então em andamento para matar o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Além de alvo da Justiça de São Paulo, “Fuminho” também responde a inquérito no Ceará no âmbito das investigações em torno do caso envolvendo “Gegê” e “Paca”.
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É exatamente sobre esse assunto que trata o arquivo anexado a um ofício encaminhado pela PF à 9ª Vara Federal de Justiça em Curitiba, em 13 de março deste ano. Dele constam pedidos de autorização para cumprimento de ordem de prisão e de mandados de busca e apreensão.
Entre os documentos apresentados pela Polícia, um deles faz observações sobre despesas da facção em Fortaleza, para onde supostamente o defensor contratado pelo grupo viajou ao menos cinco vezes em 2022.
A anotação, intitulada “Breve relato sobre o cliente Gilberto”, registra que, “com a chegada dele (‘Fuminho") em Catanduvas/PR, em 19/4/2020, iniciamos o primeiro atendimento pela manhã do dia 20/4 e até a data de hoje não medimos esforços e nem custo de despesas para o benefício do cliente, pois sempre nos foi dito para que buscássemos o melhor e em tempo recorde”.
Esse trabalho, conforme o material colhido pela PF, previu o contato com advogados do Ceará para eventual acompanhamento da defesa de “Fuminho”.
Um dos criminalistas procurados foi Paulo Quezado, que, em entrevista ao O POVO na última segunda-feira, 27, negou qualquer tipo de ligação com integrantes da organização.
Na mesma conversa, ele relatou ainda que se reuniu com duas pessoas de São Paulo em março, no escritório na capital cearense, mas que não aceitou advogar na causa específica.
“Eu tive uma reunião com um pessoal que responde a processo aqui, mas não fui contratado, só foi isso. Não recebi dinheiro nem me submeti a nenhum contrato”, esclareceu.
Quezado confirmou que a ação em questão estava relacionada aos ex-líderes da facção. “É o caso vinculado a esse Gegê do Mangue, o rapaz que está preso chamado Gilberto Aparecido”, narrou.
Em seguida, o advogado reiterou que “não deu certo a contratação”, acrescentando que, “para mim, não seria conveniente entrar, não preciso alegar por quê”, mas que “outra vez voltaram a querer me contratar também e eu não aceitei o contrato, nem fiz proposta”.
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