Mais um sumiço de prefeito? MPCE analisa suposto afastamento de gestor de Tianguá

A investigação ainda está em fase inicial, diferente do que ocorre no caso em Limoeiro do Norte

21:50 | Mar. 16, 2023

Por: Júlia Duarte
O prefeito é ativo nas redes sociais com registro publicados em intervalos recorrentes (foto: Reprodução/Redes Sociais)

Assim como acontece em Limoeiro do Norte, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) analisa o suposto sumiço do prefeito de Tianguá, na Serra da Ibiapaba, a 330 quilômetros de Fortaleza. O caso é apurado por meio da 7ª Promotoria de Justiça de Tianguá que recebeu uma notícia de fato sobre uma possível ausência chefe do Executivo do município, Luiz Menezes (PSD).

O Ministério confirmou que apura o caso, mas não repassou informações adicionais até o momento. Isso porque a apuração ainda está em fase inicial, diferente do que ocorre em Limoeiro do Norte, onde já há parecer do MPCE e será realizada uma audiência entre as partes. Em ambos os municípios, a ausência dos gestores seria por motivos de saúde.  

No início de março, a vereadora Nadir Nunes (PL) usou seu tempo no plenário para acusar que, sem o gestor, a Prefeitura estaria sendo gerida até pela primeira-dama.

"Nós, oposição, nunca falamos que desejamos a morte do prefeito, mas é a própria situação que vem usar isso aqui se fazendo de vítima, não é o prefeito que é vítima. Eles ficam dizendo que nós desejamos que o prefeito estivesse morto, nunca utilizamos essa fala. Agora, cobramos sim 'cadê o gestor?' Porque a gestora é a primeira-dama que vai em todo evento e fala”, disse na época.

O suposto sumiço virou caso de polícia, além da apuração pela pelo órgão ministerial. No mesmo dia 1º de março, o vereador José Leôncio (PSB), à procura do prefeito, foi até a residência do gestor. Segundo ele, já teria havido a tentativa de entrar em contato com o Luiz Menezes por meio de ofício, protocolado no dia 14 de fevereiro, solicitando uma audiência. Sem retorno, ele foi até a casa do prefeito.

O vereador afirmou, na época, que foi convidado a entrar na residência com autorização de uma funcionária. Em um dos vídeos compartilhados, é possível escutar que a mulher afirma que o prefeito teria viajado para a casa do filho e não estaria no município.

O caso acabou com um boletim de ocorrência feito por pessoas próximas ao prefeito. Por meio de nota, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) confirmou que apura “uma suposta violação de domicílio que teria ocorrido, no dia 1º de março, no bairro Córrego, no município de Tianguá”.

A Delegacia Regional de Tianguá, que é a unidade responsável por investigar as ações delituosas na região, segue apurando os fatos.

“Os rumores na cidade são que o prefeito está ausente por vários dias, passando a ser questionado por populares”, ressaltou o vereador algumas horas depois do caso. 

A fala foi recebida com um coro de vaias de pessoas que estavam na Câmara e gerou uma bate-boca com o parlamentar, que pedia para ser escutado. Ele se defendeu das acusações de invasão e disse que "chamou no portão, apertou a campainha, buzinou, uma pessoa abriu e mandou subir".

O prefeito, no entanto, tem sido ativo nas redes sociais. Embora não haja como precisar data, há diversos vídeos e fotos do gestor assinando documentos e participando de reuniões.

O último registro foi publicado na quarta-feira, 15, em que o prefeito aparece dando aval à regulamentação das Ações e Serviços de Saneamento Básico nas localidades rurais e de pequeno porte em Tianguá. Na terça-feira, 14 de março, o gestor aparece do lado de secretários como da Administração e da Chefia de Gabinete.

Questionado por O POVO, o procurador geral de Tianguá, Leandro Lima Valencia, afirmou que o município desconhece a existência de denúncia junto ao MPCE e que não houve notificação por parte do órgão.  

Valencia afirma ainda que a denúncia de suposta falsificação da assinatura de Luiz Menezes para os despachos da Prefeitura é "descabida e infundada".

"Tendo em vistas que o Prefeito atua diariamente nos atos administrativos emitidos por esta municipalidade, cumpre ressaltar que há a possibilidade inclusive de qualquer gestor público assinar todos os atos administrativos por via de assinatura digital, porém o Gestor assina pessoalmente e de próprio punho quase que todos os atos administrativos", complementa.