Bolsonaro afirma que joias apreendidas iriam para acervo da Presidência

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha havido irregularidades na tentativa de trazer joias de valor milionário da Arábia Saudita. Em uma entrevista a jornalistas na saída da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), um dos maiores eventos conservadores dos Estados Unidos, o político se defendeu do caso, revelado pelo Estadão, afirmando que não pediu, nem recebeu o presente. Na sexta-feira, 3, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a quem o item mais valioso do presente seria endereçado, também negou ter conhecimento das joias e ironizou o ocorrido.

Procurado por meio de seu advogado Frederick Wassef antes da publicação da reportagem, porém, o ex-chefe do Executivo declarou que não queria se manifestar.

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"A legislação diz que poderia usar, mas não se desfazer do bem. Agora eu estou sendo crucificado por um presente que eu não recebi. Alguns jornais disseram que tentei trazer joias ilegais para o Brasil, não existe isso", declarou o ex-presidente do lado de fora principal palco do Gaylord National Resort & Convention Center, em Maryland, ladeado por fãs que pediam para tirar fotos com ele e reclamaram das perguntas da imprensa sobre o caso.

Aos jornalistas que o abordaram na saída do CPAC, Bolsonaro ainda negou ter enviado um avião da FAB para liberar as joias. No entanto, o Estadão localizou a solicitação à FAB para levar o chefe da Ajudância de Ordens do Presidente da República, primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva. O documento dizia que a viagem de Silva era "para atender a demandas do Senhor Presidente da República naquela cidade", com retorno "em voo comercial no trecho Guarulhos para Brasília".

Bolsonaro tentou ao menos nove vezes reaver as joias. Em uma das tentativas, o político acionou o Itamaraty e alegou que o presente iria para o "acervo", sem especificar qual. Como mostrou o Estadão, a Receita Federal reteve um conjunto de peças valiosas, incluindo colar, um par de brincos, anel e relógio avaliados em R$ 16,5 milhões, que estavam na mochila de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, quando ele desembarcou da Arábia Saudita no aeroporto de Guarulhos, em 26 de outubro de 2021.

O ministro, acompanhado de comitiva que incluía o servidor, estava representando o governo brasileiro na reunião de cúpula "Iniciativa Verde do Oriente Médio", realizada na capital daquele país. Albuquerque afirmou ao Estadão que não fazia ideia do conteúdo dos embrulhos quando embarcou para o Brasil. Além da joia para Michelle, também havia um relógio e uma escultura de cavalo com as patas quebradas.

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BOLSONARO/MICHELLE/JOIAS/CPAC

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