Polícia abre inquérito para investigar falas xenofóbicas de vereador gaúcho

O parlamentar será investigado por crime de racismo e será convocado a prestar depoimento

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul instaurou nesta quarta-feira, 1°, um inquérito que investiga o vereador de Caxias do Sul, Sandro Fantinel (Patriotas) por discurso xenofóbico declarado nesta terça-feira, 28, na Câmara dos vereadores da cidade. As declarações proferidas por Fantinel ofendem os funcionários baianos resgatados na última segunda-feira, 27, após serem submetidos à trabalho análogo à escravidão.

A investigação foi instaurada pelo delegado Rafael Keller, responsável pela 1° Delegacia de Polícia Civil de Caxias do Sul. Keller afirmou que o vereador será investigado inicialmente por crime de racismo, no entanto, o registro pode sofrer alterações até a conclusão do inquérito. O delegado acrescentou que solicitou ao presidente da Câmara dos Vereadores as imagens e o conteúdo das declarações de Fantinel.

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A conclusão da investigação contra o vereador tem previsão de 30 dias. Ao site Gaúcha ZH, o delegado regional Augusto Cavalheiro Neto afirmou que o inquérito foi aberto por iniciativa própria da corporação. A Polícia investigará as falas de Fantinel, e após ouvir as testemunhas, o vereador será convocado a prestar depoimento em sua defesa.

A investigação foi motivada pelas falas xenofóbicas do vereador a respeito dos trabalhadores baianos resgatados em situação de escravidão, no Rio Grande do Sul. Os funcionários trabalhavam para a empresa Oliveira & Santana, que presta serviços de terceirizados para vinícolas de Bento Gonçalves. As denúncias apontam que os trabalhadores eram monitorados por câmeras, alimentados com comida estragada e, frequentemente, submetidos a choques e spray de pimenta.

Fantinel declarou que a situação vivenciada pelos baianos é uma lição e alegou que as acusações contra a empresa Oliveira & Santana eram um exagero.“ Deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa para vocês não se incomodarem novamente. Que isso sirva de lição… Se estava tão ruim a escravidão, como que alguns do próprio grupo não quiseram ir embora?”, pontuou.

O Ministério Público do Trabalho de Caxias do Sul propôs que as vítimas do trabalho escravo recebessem uma indenização no valor de 600 mil reais. Nesta terça-feira, 28, a sigla realizou uma reunião com procuradores para tratar do caso.

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