Desmatamento na Amazônia Legal atinge o recorde para o mês de fevereiro

Os dados do segundo mês do ano serão concluídos na próxima sexta-feira, 3 de março

Embora o mês de fevereiro ainda não tenha terminado, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou dados que comprovam que o desmatamento na Amazônia Legal ultrapassou a meta estipulada para o mês. Segundo o órgão, cerca de 209 km² de devastação foram contabilizados até o dia 17, o maior índice já registrado em fevereiro desde o início da série histórica, no ano de 2015.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 24, pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), suporte do Inpe responsável por auxiliar no monitoramento do desmatamento e degradação florestal. Aproximadamente 198,6 km² de floresta foram devastados no mesmo mês no ano passado.

O desmatamento na Amazônia legal integra oito estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Os estados que lideram o índice de devastação no mês de fevereiro são Mato Grosso (129 km²), Pará (34 km²) e Amazonas (23 km²).

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Em janeiro deste ano, uma queda de 61% foi registrada, em comparação ao mesmo período no ano passado. De acordo com Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil, a redução em janeiro deve ser observada com precaução, visto que as chuvas no período dificultam o monitoramento via satélite.

"A queda observada nos dados de desmatamento, em janeiro, deve ser interpretada com cautela, pois a cobertura de nuvem registrada nesse período é a maior dos últimos seis anos para o início do ano. A cobertura de nuvem pode aumentar o tempo de detecção pelo sistema Deter que usa imagens de satélites com sensores ópticos", disse.

A previsão é de que o desmate tenha aumentado desde a última fiscalização, no entanto, é necessário esperar o registro que será realizado em breve. "É possível, por exemplo, que mais desmatamento tenha ocorrido, mas será registrado somente nos próximos dias ou semanas, quando esse cenário será menor".

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcos Astrini, afirma que a redução dos números de desmate poderá ser notada em alguns meses. "É óbvio que em janeiro/fevereiro não veríamos nos números de alerta a ação do governo. Ele está começando a arrumar a casa. Vamos ver esses números daqui uns dois, três meses. Vamos começar a ver a curva de diminuição ou manutenção, mas precisamos dar um tempinho para o governo", explica Astrini.

Marcos acrescentou que o atual governo tomou as medidas corretas contra a devastação ambiental, todavia, o "trabalho de reconstruir, colocar a casa em ordem é mais demorado, mais difícil do que a destruição do governo anterior".

Daniel Silva conclui que as ações são positivas, mas que alternativas contra o desmatamento devem ser adotadas com antecedência. “É urgente implementar ações concretas para zerar o desmatamento, como por exemplo incentivar a reabilitação em áreas degradadas, criar novas unidades de conservação e delimitar as terras indígenas ou qualquer outra ação que visa o desmatamento zero", finalizou.

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