Carla Zambelli critica Bolsonaro por ausência do Brasil e pede trégua ao STF
A deputada é conhecida por ter sido ferrenha defensora do ex-presidente
16:54 | Fev. 23, 2023
Quatro meses após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial, uma de suas maiores apoiadoras, a deputada federal Carla Zambelli (PL), critica ausência do ex-presidente no país. A parlamentar, que já teve as redes sociais suspensas em decisão judicial, pede trégua ao Supremo Tribunal Deferal (STF), especialmente o ministro Alexandre de Moraes, a quem costumeiramente lançava ataques.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, ela diz acreditar que a derrota de Bolsonaro se deu pela forma com que o ele se expressava. "Muito do julgamento foi pela forma de ele falar e menos pelo que ele fez, porque as pessoas aprovam o que ele fez", disse.
Mesmo com a derrota constatada pelas urnas e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já ter assumido como mandatário, ela afirma que muitos eleitores do ex-presidente ainda questionaram o resultado. A deputada, no entanto, aponta que o clima está "pacificado" e é preciso "lutar de outra maneira".
Ela criticou que Bolsonaro tenha demorado a reconhecer a derrota e que ainda esteja fora do Brasil."Discordo da maneira como ele levou aquele tempo todo [para falar após a eleição] e o silêncio que teve. Ele tinha que organizar a oposição, orientar a gente, ele tinha 28 anos de Câmara. Tínhamos que mostrar nosso descontentamento até para incentivá-lo a ser a voz da oposição", ressaltou.
No entanto, ela afirma que é preciso ter "compreensão" com o ex-presidente, defendendo que ele teria mais informações. "Mas concordo que ele deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força", pontua.
A movimentação de Zambelli foi também de iniciar uma trégua com o STF. Ela confirmou que procurou o gabinete do ministro Alexandre de Moraes. "Liguei e mandei um email. Alguns dias depois, minha rede foi devolvida, pode ter sido um gesto. Estou à disposição dele para conversar. Porque ele vai ser um alvo do PT daqui a pouco. O PT não vai se contentar em indicar somente os dois ministros que vão se aposentar", explicou.
Ela diz ainda que "Bolsonaro não ganhando", é preciso "virar a chave". Sobre a invasão às sedes dos Três Poderes, ela afirma não sentir culpa, por não estar na posse de suas redes sociais e ter orientado pessoas a não irem."Depois do dia 8, estou sendo bem mais cuidadosa para não ter mais pessoas se enganando. A gente está em outro patamar, agora não é hora de bater no STF, não é hora de fazer manifestação", disse ainda.
Ela relevou que tem a expectativa de ser presa e disse já ter ido dormir esperando a chegada da Polícia Federal em sua residência."Não como uma boa expectativa. Várias vezes fui dormir pensando que ia ter que acordar às 6h com a Polícia Federal na minha porta", afirmou. A PF já fez uma ação na casa da deputada em busca de sua arma, após a parlamentar descumprir decisão do STF e apontar um revolver para um homem às vésperas do segundo turno, em outubro do ano passado.
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