Delação de Sérgio Machado contra Renan Calheiros não tem elementos, aponta PF
No documento, a delegada PF Lorena Lima Nascimento relatou que a investigação não localizou evidência material de elo entre o parlamentar alagoano e o ilícito, alvo de delação de Machado ainda em 2016
19:23 | Fev. 22, 2023
Em relatório enviado ao Supremo nesta quarta-feira, 22, a Polícia Federal afirmou não ter encontrado elementos que sustentem a ligação entre o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e um esquema de desvio de dinheiro da Transpetro, denunciado pelo ex-presidente da subsidiária da Petrobras, o cearense Sérgio Machado.
No documento, a delegada da PF Lorena Lima Nascimento relatou que a investigação não localizou evidência material de elo entre o parlamentar alagoano e o ilícito, alvo de delação de Machado ainda em 2016. A informação foi publicada pelo site “O Antagonista”.
Segundo o ex-presidente da Transpetro, Renan Calheiros teria se beneficiado de propina paga pelo contrato para a construção do Estaleiro Tietê. Os repasses foram feitos, acrescentou Machado, por meio de doações ao MDB nas eleições de 2010. O senador nega.
Delator dentro da Operação Lava Jato, Machado firmou termo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), à época sob a presidência de Rodrigo Janot. O acordo foi avalizado pelo então ministro do STF Teori Zavascki, morto no ano seguinte, em 2017.
Pivô das suspeitas de desvios milionários na Transpetro, responsável por transporte e carga de petróleo, Machado chegou a gravar conversas com Renan, José Sarney e Romero Jucá, o ministro do Planejamento do governo Temer.
Foi com Jucá que Machado teve famoso diálogo no qual o emedebista sugeriu um acordo “com o Supremo, com tudo” para barrar a Lava Jato, que avançava sobre o núcleo do MDB em meio ao impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Como parte do acerto com a PGR, Machado devolveu ainda mais de R$ 50 milhões em dinheiro, quantia que teria sido subtraída da empresa pública.
Conforme o cearense, Renan Calheiros era um dos seus “padrinhos” à frente da estatal. O teor do relato de Machado foi confirmado por outros investigados pela PF no âmbito da Lava Jato.
Réu em três inquéritos, Machado aguarda julgamento em liberdade. Ex-deputado federal e ex-senador, foi homem forte do governo Tasso Jereissati (PSDB) no final dos anos de 1980 e início dos 1990.
Embalado pela trajetória ascendente, o empresário tentou se viabilizar candidato a sucessor do tucano ao Executivo, mas foi preterido. Elegeu-se para a Câmara dos Deputados.
A partir de 2004, assumiu a presidência da Transpetro, cargo que ocuparia por mais de uma década. De acordo com delatores, Machado foi o principal operador do MDB no esquema da Petrobras.
À PF, ele teria admitido desvio de aproximadamente R$ 100 milhões.