Marcos do Val admite ter "manipulado" declarações sobre plano golpista: "Tudo estratégia"

"Vocês vão ver o que vai acontecer e vão ficar muito felizes", completou o senador

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) admitiu que suas mudanças de versões nos depoimentos sobre o plano golpista, supostamente arquitetado por Jair Bolsonaro (PL), é uma “estratégia”. As declarações foram dadas nesta quarta-feira, 8.

Em resposta ao youtuber Ronny Teles, que perguntou como estava a situação de sua denúncia, o senador respondeu: “Maravilhosa”. Ele afirmou que não estabilizar uma versão sobre o caso já é uma “estratégia” e que “o resultado está dando certo”.

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“Parece que a Justiça não está tratando muito bem essa estratégia… O que o senhor tem a dizer?”, pergunta Ronny. “Não, não… Eu diria que o resultado está dando certo”, responde Do Val. “Tenho certeza”, insiste o senador.

Marcos do Val não chegou a dizer o objetivo de está manipulando as informações sobre o suposto golpe, mas afirmou: “Com o tempo, vocês vão saber”. “Eu fiz essa manipulação com essas notícias desencontradas, mas um dia vocês podem entender”, afirmou.

“Vocês vão ver o que vai acontecer e vão ficar muito felizes”, finalizou antes de entrar no carro e fechar.

— Jogo Político (@jogopolitico) February 8, 2023

A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, criticou as falas do senador sobre o caso. “Agora, senador bolsonarista do ES admite que manipulou informações sobre grampo em Alexandre de Moraes e que seu objetivo foi atingido. Que objetivo é esse? Enganar as autoridades? Mais um crime de falso testemunho pra lista”, escreveu Hoffmann em suas redes sociais.

— Gleisi Hoffmann (@gleisi) February 8, 2023

Entenda o caso:

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou na madrugada desta quinta-feira, 2, que sofreu coação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para se aliar a ele em um golpe de Estado. Do Val disse ter negado a proposta feita por Bolsonaro e denunciado o caso. Horas depois da revelação, o senador comunicou que apresentaria sua renúncia ao Senado.

Porém, depois de receber ligações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Marcos alterou a versão sobre a denúncia de que teria sido montado uma operação para barrar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao falar em seu gabinete, Do Val agora diz que o plano, na verdade, foi do ex-deputado Daniel Silveira, que foi preso nesta quinta-feira, 2, por ordem do Supremo Tribunal Federal por violação de decisão judicial.

O senador ainda declarou que consultou previamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e lhe perguntou se deveria conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo sua versão do ocorrido, do Val foi encorajado pelo ministro. "Vai porque informações são importantes. E assim eu fui", relatou em entrevista coletiva.

Alexandre de Moraes chegou a confirmar a conversa com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) na qual o parlamentar lhe relatou ter participado de reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro, onde lhe foi proposto que gravasse o magistrado.

O ministro disse ainda que o parlamentar se recusou a formalizar em depoimento a denúncia de que teria recebido proposta para participar de um eventual plano golpista. Porém, Marcos do Val ressaltou que não foi orientado pelo ministro a formalizar o depoimento sobre a reunião com o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB) e o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Depois de mudar duas vezes a versão sobre a tentativa de golpe, o senador disse, em entrevista na sexta-feira, 3, que vai entrar com pedido na Procuradoria-Geral da República (PGR) para o afastamento do ministro Alexandre de Moraes da relatoria do inquérito dos atos democráticos.

A ação corre no Supremo Tribunal Federal (STF) e, segundo o senador, não pode mais ficar a cargo de Moraes por ele ser citado no caso. “Como ele [o ministro Alexandre de Moraes] vai entrar nos autos, não poderá mais ser relator”, disse à emissora.

O parlamentar disse ainda que pediu para que a Polícia Federal (PF) tenha acesso a todas as mensagens trocadas com Moraes e com Silveira. Assim, os textos vão fazer parte dos autos do inquérito.

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