Marcos do Val admite ter "manipulado" declarações sobre plano golpista: "Tudo estratégia"
"Vocês vão ver o que vai acontecer e vão ficar muito felizes", completou o senadorO senador Marcos do Val (Podemos-ES) admitiu que suas mudanças de versões nos depoimentos sobre o plano golpista, supostamente arquitetado por Jair Bolsonaro (PL), é uma “estratégia”. As declarações foram dadas nesta quarta-feira, 8.
Em resposta ao youtuber Ronny Teles, que perguntou como estava a situação de sua denúncia, o senador respondeu: “Maravilhosa”. Ele afirmou que não estabilizar uma versão sobre o caso já é uma “estratégia” e que “o resultado está dando certo”.
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“Parece que a Justiça não está tratando muito bem essa estratégia… O que o senhor tem a dizer?”, pergunta Ronny. “Não, não… Eu diria que o resultado está dando certo”, responde Do Val. “Tenho certeza”, insiste o senador.
Marcos do Val não chegou a dizer o objetivo de está manipulando as informações sobre o suposto golpe, mas afirmou: “Com o tempo, vocês vão saber”. “Eu fiz essa manipulação com essas notícias desencontradas, mas um dia vocês podem entender”, afirmou.
“Vocês vão ver o que vai acontecer e vão ficar muito felizes”, finalizou antes de entrar no carro e fechar.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) admitiu que suas mudanças de versões nos depoimentos sobre o suposto plano golpista é uma “estratégia”.
Do Val deu as declarações nesta quarta-feira, 8, ao ser gravado pelo youtuber Ronny Teles, em Brasília.
: Ronny Teles pic.twitter.com/6ZPPLrEGPU
A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, criticou as falas do senador sobre o caso. “Agora, senador bolsonarista do ES admite que manipulou informações sobre grampo em Alexandre de Moraes e que seu objetivo foi atingido. Que objetivo é esse? Enganar as autoridades? Mais um crime de falso testemunho pra lista”, escreveu Hoffmann em suas redes sociais.
Essa turma bolsonarista não tem limite moral. Agora, senador bolsonarista do ES admite que manipulou informações sobre grampo em Alexandre de Moraes e que seu objetivo foi atingido. Que objetivo é esse? Enganar as autoridades? Mais um crime de falso testemunho pra lista.
Entenda o caso:
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou na madrugada desta quinta-feira, 2, que sofreu coação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para se aliar a ele em um golpe de Estado. Do Val disse ter negado a proposta feita por Bolsonaro e denunciado o caso. Horas depois da revelação, o senador comunicou que apresentaria sua renúncia ao Senado.
Porém, depois de receber ligações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Marcos alterou a versão sobre a denúncia de que teria sido montado uma operação para barrar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao falar em seu gabinete, Do Val agora diz que o plano, na verdade, foi do ex-deputado Daniel Silveira, que foi preso nesta quinta-feira, 2, por ordem do Supremo Tribunal Federal por violação de decisão judicial.
O senador ainda declarou que consultou previamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e lhe perguntou se deveria conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo sua versão do ocorrido, do Val foi encorajado pelo ministro. "Vai porque informações são importantes. E assim eu fui", relatou em entrevista coletiva.
Alexandre de Moraes chegou a confirmar a conversa com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) na qual o parlamentar lhe relatou ter participado de reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro, onde lhe foi proposto que gravasse o magistrado.
O ministro disse ainda que o parlamentar se recusou a formalizar em depoimento a denúncia de que teria recebido proposta para participar de um eventual plano golpista. Porém, Marcos do Val ressaltou que não foi orientado pelo ministro a formalizar o depoimento sobre a reunião com o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB) e o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Depois de mudar duas vezes a versão sobre a tentativa de golpe, o senador disse, em entrevista na sexta-feira, 3, que vai entrar com pedido na Procuradoria-Geral da República (PGR) para o afastamento do ministro Alexandre de Moraes da relatoria do inquérito dos atos democráticos.
A ação corre no Supremo Tribunal Federal (STF) e, segundo o senador, não pode mais ficar a cargo de Moraes por ele ser citado no caso. “Como ele [o ministro Alexandre de Moraes] vai entrar nos autos, não poderá mais ser relator”, disse à emissora.
O parlamentar disse ainda que pediu para que a Polícia Federal (PF) tenha acesso a todas as mensagens trocadas com Moraes e com Silveira. Assim, os textos vão fazer parte dos autos do inquérito.
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