Governador de Roraima defende garimpeiros e pede que Yanomamis explorem suas terras
Antonio Denarium (PP) sugeriu que povos indígenas abram mão da própria cultura para saírem da crise: "Não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho"O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), saiu em defesa dos garimpeiros ao falar sobre a crise humanitária enfrentada por indígenas Yanomamis. Ele defendeu que a desnutrição flagrada recentemente entre os indígenas é um problema "recorrente" há duas décadas e afirmou que a responsabilidade da crise não deve ser atribuída ao estado, mas sim aos vários governos federais anteriores.
As declarações foram dadas ao jornal Folha de S. Paulo. Denarium sugeriu que povos indígenas abram mão da própria cultura para saírem da crise. “Tenho 260 escolas em comunidades indígenas. Eles querem ser advogados, professores, médicos. Eu acho correto. Eles [indígenas] têm de se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho. Eles têm de estar lá com condição, com estrada, escola, posto de saúde, fazendo agricultura deles, produzindo macaxeira, farinha", afirmou o governador.
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Sobre os garimpeiros da região, o governador alegou que 50 mil famílias que dependem dessa atividade e não podem ficar sem emprego.
Nas últimas semanas, imagens e registros da situação no estado que repercutiram mundialmente mostram um hospital infantil em Boa Vista, com crianças Yanomami convalescendo deitadas em redes. Os casos de desnutrição e malária infantil desta etnia indígena dispararam, impulsionando o governo federal a declarar emergência sanitária.
Neste domingo, 29, o Fantástico, da Rede Globo, mostrou os detalhes do cenário de tragédia humanitária. na Terra Indígena Yanomami. Os repórteres Sônia Bridi e Paulo Zero acompanharam distribuição de remédios e alimentos - e mostram o resgate de mulheres e crianças doentes.
O governador de Roraima é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele defendeu também que o garimpo é uma atividade "centenária" em Roraima e, por isso, os garimpeiros estão em terras indígenas. Bolsonaro divulgou no último sábado, 28, um relatório da CPI que, em 2008, investigou a morte de crianças indígenas por subnutrição. A comissão aborda avanço da malária entre os Yanomami, em Roraima. Na publicação, o ex-presidente usa uma foto de uma criança de outra etnia, do Maranhão.
Levantamentos recentes afirmam que, na gestão Bolsonaro, as mortes de crianças Yanomami por desnutrição quase quadruplicaram. Dados Ministério da Saúde mostram que as mortes por desnutrição de crianças de zero a 5 anos foram a 152 nos últimos quatro anos, contra 33 no período anterior. Um aumento de 360%.
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