STF determina abertura de inquérito para investigar André Fernandes por apoio a atos golpistas
Além dele, outras duas deputadas federais eleitas também serão investigadas por postagens no dia da invasão da sede dos Três PoderesO ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquéritos contra três parlamentares eleitos por incentivarem e apoiarem, nas redes sociais, os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Entre os nomes citados, estão os deputados federais eleitos André Fernandes (PL-CE), Sílvia Waiãpi (PL-AP) e Clarissa Tércio (PP-PE).
A decisão atende a um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), que solicitou a inclusão dos três para investigar executores, financiadores e "autores intelectuais" dos atos golpistas do dia 8, quando radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Moraes acolheu a alegação da PGR sobre a "necessidade de otimização de recursos, uma vez que há requisitos específicos para responsabilização penal por autoria intelectual e por participação por instigação, que diferem, em parte, dos requisitos aplicáveis aos executores materiais e daqueles aplicáveis aos financiadores e por participação por auxílio material".
O ministro justifica a inclusão de André com o texto da PGR que cita uma publicação feita pelo deputado eleito no dia da invasão. A publicação continha a foto da porta de um armário vandalizado, contendo a inscrição do nome de Alexandre de Moraes, "na qual inseriu a seguinte legenda: 'Quem rir, vai preso'.
Também é mencionado que o deputado eleito, alguns dias antes do ato, publicou vídeo intitulado "ato contra o governo Lula". Na legenda, ele escreveu "neste final de semana acontecerá, na Praça dos Três Poderes, o primeiro ato contra o governo Lula. Estaremos lá".
Ambas as publicações foram apagadas. Sobre a divulgação do ato, o deputado eleito disse, na época, que não "chamou ninguém" e que não sabia que teria "quebra quebra".
Ao O POVO, o deputado afirmou na última semana que apagou a publicação "para não gerar confusão". "Não apoio e nunca apoiei invasões e depredações, coisa que a esquerda sempre fez. Apenas divulguei exatamente como a imprensa estava divulgando", disse no momento do pedido da PGR.
O deputado eleito foi procurado nessa segunda-feira, 23, para comentar sobre a inclusão de seu nome no inquérito. A assessoria do parlamentar afirmou que o deputado eleito não foi informado formalmente acerca de indiciamento em Inquérito do STF para apuração. Por isso, "reserva-se a direito de manifestar-se sobre eventual indiciamento quando formalmente notificado". "O deputado reitera que fará oposição ao governo Lula, pautando sua atuação pelos cumprimento das leis do pais e, como sempre, mantendo-se nos limites da quatro linhas da Constituição Federal", disse, por meio de nota.
Moraes aponta a conduta do cearense, considerando o contexto geral dos atos do dia 8 de janeiro, poderia ser enquadrada aos crimes de terrorismo, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, ameaça, perseguição e incitação ao crime.
"Pois, conforme narrado, o requerido, nos dias 6/1/2023 e 8/1/2023, postou, em seu Twitter, vídeo e imagem demonstrando incentivo e apoio os atos criminosos ocorridos naquela data", apontou o ministro.
Além da derrubada do sigilo no inquérito, Moraes pede que sejam encaminhados os autos à Polícia Federal para que, no prazo inicial de 60 dias, sejam reunidos os elementos necessários à sua conclusão, efetuando as inquirições e realizando as "demais diligências necessárias à elucidação dos fatos, apresentando, ao final, peça informativa".
Os três inquéritos se somam à investigação sobre "agentes públicos responsáveis por omissão imprópria". Na mira, estão o governador do Distrito Federal afastado Ibaneis Rocha (MDB), do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, do ex-secretário de Segurança Pública interino do DF, Fernando de Sousa Oliveira, e do ex-comandante geral da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também é investigado, sob suspeita de instigar os atos.
Segundo a PGR, já foram requeridas diligências como o compartilhamento de provas com outros órgãos de investigação, além do envio de pedidos de informações às plataformas Facebook, TikTok, Twitter e Instagram, para que forneçam a relação de perfis de usuários que foram reconhecidos como 'difusores massivos de mensagens atentatórias ao regime democrático, ao resultado das eleições e aos Poderes da República'.
Matéria atualizada às 19h27
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente