Entenda a crise humanitária que afeta o povo Yanomami em Roraima
Território está em estado de emergência de saúde pública. Estima-se que 570 indígenas tenham morrido em razão doenças evitáveisA situação dos povos indígenas do território Yanomami, localizado em Roraima, chamou a atenção do mundo nos últimos dias. Na última sexta-feira, 20, o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública no local.
De acordo com a ministra dos Povos Originários Sônia Guajajara, a situação é de “calamidade total”, com mortes causadas por desnutrição, malária e diarreia. Em fotos que circulam nas redes sociais, é possível ver indígenas, principalmente crianças, em estado de desnutrição grave.
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Mais de 30 mil habitantes vivem no território, reunindo oito povos indígenas no local. Segundo o Governo Federal, estima-se que 570 pessoas tenham morrido pelas doenças evitáveis e, somente em 2022, foram registrados 11.530 casos de malária.
Causas da crise
Uma das principais causas que agrava a situação dos povos yanomami é o garimpo ilegal. O aumento da atividade gera danos ao território, como o desmatamento e a contaminação dos rios com mercúrio.
Em entrevista à BBC, a ministra da Saúde Nísia Trindade afirmou que o garimpo é o responsável por essa “desorganização social”, gerando, inclusive, problemas de segurança, dificultando o acesso das equipes de saúde no local.
Além disso, a omissão do governo anterior é um dos pontos levantados pela atual gestão. O atendimento à saúde dos indígenas é realizado por postos de infraestrutura razoável, que vão até a região para realizar exames, vacinar os habitantes e oferecer remédios. Porém, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram notadas a diminuição e precarização do serviço de atendimento ofertado.
O avanço da prática ilegal somado à suposta negligência do mandato anterior colaboraram para agravar o cenário de crise vivenciado pelos yanomamis, segundo atual governo. Bolsonaro foi às redes sociais negar descaso com a população indígena. Já o PT, partido do presidente Lula (PT), protocolou na Procuradoria Geral da República (PGR) representação criminal contra Bolsonaro pela responsabilidade criminal e civil dos povos indígenas Yanomami no Estado de Roraima.
Medidas do governo
Além de decretar emergência, o Ministério da Saúde instalou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública no local e anunciou o envio de cestas básicas, medicamentos e insumos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também determinou a criação de um comitê interministerial para criar um plano de apoio aos povos yanomami.
No último sábado, 21, com o decreto do Ministério da Saúde, o presidente Lula, juntamente com a ministra da pasta Nísia Trindade, visitaram a região. Pelo Twitter, o petista denunciou a situação dos povos e lamentou o que viu durante a visita. Nas publicações, o mandatário repudiou o garimpo ilegal e afirmou que combaterá a prática.
“Uma das lideranças com quem conversei resumiu a tragédia: 'o peixe come o mercúrio, a gente come o peixe, a gente morre'. Por isso, repito o que disse durante a campanha, e digo novamente agora ainda com mais convicção: não haverá garimpo ilegal em terra indígena”, escreveu.
Lula também declarou que aumentará o número de voos e melhorará pistas de pouso nas comunidades, para que aviões de grande porte consigam pousar, além de enviar equipes médicas permanentes para o território.
Mais que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio. Um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento do povo brasileiro.
— Lula (@LulaOficial) January 22, 2023
: @ricardostuckert pic.twitter.com/Hv5vrYw477
O Governo Federal também divulgou um formulário de inscrição para a atuação voluntária de profissionais da saúde que desejem contribuir no trabalho de apoio aos indígenas.
O ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino também determinou a abertura de um inquérito policial para investigar genocídio e crimes ambientais na região.