"Deveria escolher melhor os amigos", diz Boulos sobre ministro da Defesa
Deputado federal criticou declaração feita por José Múcio antes dos atos de vandalismo em BrasíliaO deputado federal diplomado Guilherme Boulos (Psol) afirmou que o ministro da Defesa José Múcio deveria rever melhor as amizades. A declaração se refere à fala de Múcio, que tentou minimizar os riscos dos acampamentos bolsonaristas antes dos ataques do dia 8.
Em entrevista à Folha de São Paulo, o parlamentar apontou a omissão do Governo do Distrito Federal e, contestando José Múcio, disse que os acampamentos não eram democráticos.
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“Eu acho que o ministro Múcio deveria escolher melhor os seus amigos. Se ele diz que tem amigo em acampamento golpista, isso não é normal. Aqueles acampamentos eram qualquer coisa menos democráticos, porque defendiam golpe de Estado”, falou.
Após a nomeação para o comando na pasta, Múcio já era pressionado a desmobilizar o acampamento bolsonarista, que estava organizado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, desde o fim do segundo turno das eleições de 2022.
No início deste mês, antes dos ataques nas sedes dos Três Poderes, o ministro declarou que, aos poucos, os acampamentos iriam “se esvair” e acabar.
Na fala, Múcio chegou a mencionar que tinha amigos e parentes participando dos atos. “Eu falo com autoridade, porque tenho parentes lá. No de Recife e tenho alguns amigos aqui [em Brasília]. É uma manifestação da democracia. A gente tem que entender que nem todos os adversários são inimigos. Aquilo vai se esvair e chegar a um lugar que todos nós queremos”, afirmou.
Ao contrário do que foi dito pelo ministro, as manifestações ganharam força. No dia 8 de janeiro, extremistas que chegaram em caravanas no dia anterior e aderiram às manifestações invadiram, depredaram e promoveram atos de vandalismo no Congresso Nacional, Palácio do Planalto e no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta semana, o ministro do STF Alexandre de Moraes analisou a situação de 1.075 presos que foram detidos pelos crimes realizados. Desse número, 740 estão em prisão preventiva e 335 responderão em liberdade mediante medidas cautelares.