"Deveria escolher melhor os amigos", diz Boulos sobre ministro da Defesa
Deputado federal criticou declaração feita por José Múcio antes dos atos de vandalismo em Brasília
15:37 | Jan. 20, 2023
O deputado federal diplomado Guilherme Boulos (Psol) afirmou que o ministro da Defesa José Múcio deveria rever melhor as amizades. A declaração se refere à fala de Múcio, que tentou minimizar os riscos dos acampamentos bolsonaristas antes dos ataques do dia 8.
Em entrevista à Folha de São Paulo, o parlamentar apontou a omissão do Governo do Distrito Federal e, contestando José Múcio, disse que os acampamentos não eram democráticos.
“Eu acho que o ministro Múcio deveria escolher melhor os seus amigos. Se ele diz que tem amigo em acampamento golpista, isso não é normal. Aqueles acampamentos eram qualquer coisa menos democráticos, porque defendiam golpe de Estado”, falou.
Após a nomeação para o comando na pasta, Múcio já era pressionado a desmobilizar o acampamento bolsonarista, que estava organizado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, desde o fim do segundo turno das eleições de 2022.
No início deste mês, antes dos ataques nas sedes dos Três Poderes, o ministro declarou que, aos poucos, os acampamentos iriam “se esvair” e acabar.
Na fala, Múcio chegou a mencionar que tinha amigos e parentes participando dos atos. “Eu falo com autoridade, porque tenho parentes lá. No de Recife e tenho alguns amigos aqui [em Brasília]. É uma manifestação da democracia. A gente tem que entender que nem todos os adversários são inimigos. Aquilo vai se esvair e chegar a um lugar que todos nós queremos”, afirmou.
Ao contrário do que foi dito pelo ministro, as manifestações ganharam força. No dia 8 de janeiro, extremistas que chegaram em caravanas no dia anterior e aderiram às manifestações invadiram, depredaram e promoveram atos de vandalismo no Congresso Nacional, Palácio do Planalto e no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta semana, o ministro do STF Alexandre de Moraes analisou a situação de 1.075 presos que foram detidos pelos crimes realizados. Desse número, 740 estão em prisão preventiva e 335 responderão em liberdade mediante medidas cautelares.
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