Blogueiro cearense foragido já foi investigado por calúnia e é réu por vilipêndio a cadáver
Na denúncia apresenta à Justiça, o MP afirma que Wellington divulgou fotos de uma mulher morta para propagar fake newsForagido por participar de atendado a bomba em Brasília, o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo deixou o Ceará com diversos antecedentes criminais. Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), o cearense já tem antecedentes por contravenção penal, denunciação caluniosa e crime contra a incolumidade pública.
Ele também foi denunciado pela Promotoria de Justiça de Sobral por conduta criminal de vilipêndio a cadáver. O caso aconteceu em 23 de março de 2020, quando Wellington divulgou fotos de uma mulher morta em uma fake news anunciando erroneamente a primeira morte de Covid- 19 no município.
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Consta no inquérito policial que a foto tinha uma mulher morta envolta em uma manta branca dentro de um caixão funerário aberto, sobre o qual continha um cartaz escrito "ÓBITO COVID 19". A foto foi tirada pela família da falecida, que chegou a ser contatada por Wellington para colher informações sobre o óbito.
A promotoria ressalta que ele tinha "importante influência na mídia local". "[Ele] teve acesso à fotografia que apenas a família detinha, e a divulgou sem seu consentimento, causando alarde na sociedade, comprovado pelos diversos prints de publicações feitas pelo denunciado em suas redes sociais que tiveram inúmeros acessos e comentários de internautas", ressalta a peça elaborada contra Wellington.
Testemunha no caso, a filha da falecida explicou à Justiça que a mãe havia sofrido várias paradas cardíacas e tinha sido encaminhada para o Hospital Regional Norte, onde foi confirmado o óbito. Para liberação do corpo, o hospital precisou realizar procedimentos que atestassem que a mulher não testava positivo para a doença.
Antes do resultado sair, no entanto, o corpo foi liberado e a família não foi autorizada a velar o corpo. Houve apenas uma breve despedida, já no cemitério, quando a família resolveu abrir o caixão e se deparou com o cartaz que aparece na foto.
Consultado, o hospital explicou que o procedimento foi necessário em razão de a família ter revelado que a mulher, quando viva, apresentava quadro gripal, compatível com suspeita de Covid-19. Na época que o caso aconteceu, em março de 2020, o acesso à testagem era mais escassa e tendia a demorar. Assim, o falecimento da mulher aconteceu no dia 23 de março de 2020, enquanto o resultado do teste negativo saiu apenas em 25 de março.
"Em virtude do protocolo de segurança, o Hospital manteve o procedimento de catalogar os corpos que apresentavam suspeita do contágio, tendo ocorrido mero erro administrativo ao ter a catalogação pelo cartaz deixado as dependências do estabelecimento hospitalar", afirma a denúncia.
Ele não se apresentou à Justiça por não ser "urgente"
No dia seguinte em que a foto foi divulgada, o Ministério Público marcou audiência para que Wellington esclarecesse os fatos imputados. Entretanto, ele não compareceu, "bem como esquivou-se com o argumento de que a sessão não seria urgente".
Na peça, o Ministério Público afirma que deixou de ofertar acordo porque o denunciado já tinha antecedentes criminais, tido com uma "conduta criminal habitual". Com isso, não seria suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
O primeiro caso de Covid-19 em Sobral aconteceu em 17 de março, mas o primeiro óbito do município foi em 30 de março. A paciente era uma mulher de 60 anos de Santa Quitéria, mas internada em Sobral, conforme anunciado pelo prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), nas redes sociais.
Em abril 2020, a Câmara Municipal do município aprovou lei que gerava multa para quem divulgasse informações falsas em mais de R$ 4,5 mil.
A última atividade do caso aconteceu em 10 de janeiro, quando a Justiça cearense aceitou a denúncia. O agora réu tinha 10 dias para ser citado e responder à acusação. Caso não apresente defesa ou indique representante legal, dentro do tempo, sua defesa será feita pela Defensoria Pública, que tem 20 dias para responder.
No mesmo dia, Wellington também virou réu por planejar e participar da tentativa atentado a bomba ao Aeroporto de Brasília na véspera de Natal.
O cearense já havia sido preso, em 3 de setembro de 2021, após cumprimento de mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por incitar ataques anti-democráticos contra instituições. Após o cumprimento do mandado, Wellington Macedo foi liberado com o uso de tornozeleira eletrônica, mas rompeu o mecanismo de monitoramento e atualmente se encontra foragido.