Bolsonaro levou primo de coronel torturador Ustra para viagem aos EUA

Carlos Alberto Brilhante Ustra foi uma das pessoas responsáveis pela prática de torturas, perseguições, sequestros e assassinatos durante a ditadura militar (1964-1985)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) levou o coronel da ativa do Exército Marcelo Ustra da Silva Soares, primo do torturador da ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, em comitiva a Orlando, nos Estados Unidos, no final do ano passado. Ele é um dos 24 servidores do Poder Executivo Federal que embarcaram na viagem do ex-presidente entre 28 e 30 de dezembro de 2022.

A informação foi divulgada pelo site Brasil de Fato, com dados do Portal da Transparência do governo. Segundo o portal, Marcelo é bisneto de Celanira Martins Ustra, avó de Brilhante Ustra. Ele foi nomeado para cargo no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República em 9 de julho de 2020.

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Soares foi escolhido para embarcar em 28 de dezembro, com o objetivo de trabalhar nos preparativos para a chegada da família presidencial. Ele recebeu R$ 5.570,67 em dinheiro público para bancar suas diárias no exterior. De acordo com os registros oficiais, o retorno ao Brasil ocorreu em 1º de janeiro de 2023.

Quem é Ustra?

Carlos Alberto Brilhante Ustra foi uma das pessoas responsáveis pela prática de torturas, perseguições, sequestros e assassinatos durante a ditadura militar (1964-1985). Ele foi um coronel do Exército Brasileiro, ex-chefe do Destacamento de Operações de Informação, Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) em São Paulo, um dos órgãos encarregados da repressão a grupos de oposição a ditadura militar.

Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro militar condenado pela Justiça Brasileira pela prática de tortura durante a ditadura militar. Dos mais de 20 mil brasileiros torturados durante o período ditatorial, pelo menos 500 pessoas foram mortas dentro do DOI-CODI em São Paulo no período em que foi comandado por Ustra.

Sob o comando de Ustra, a tortura não poupava nem as crianças. Ustra torturava mães e as exibia para seus filhos. Na época era considerado o “senhor da vida e da morte” e “escolhia quem ia viver e ia morrer”, de acordo com o ex-sargento do Exército Marival Fernantes, que trabalhou por quatro meses sob o comando de Ustra na época.

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