Biógrafo comemora o retorno da obra "Orixás" ao Planalto: "Respeito e liberdade religiosa"

A pintura ocupava lugar de destaque no prédio, mas foi retirada do local no governo de Bolsonaro

O biógrafo Gesiel Júnior comemorou o retorno da obra "Orixás", da artista Djanira da Motta e Silva, para posição de destaque entre as paredes do Palácio do Planalto.

Durante a cerimônia de posse da ministra da Cultura Margareth Menezes, realizada nesta terça-feira, 3, a primeira-dama Janja da Silva garantiu que o quadro voltará para as dependências do prédio e afirmou que a obra havia sido danificada.

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“Havia um furo de caneta na tela, mas vai voltar ao local que pertence, o Palácio do Planalto. Vai estar numa exposição agora em janeiro, mas vai voltar. Aliás, faremos todo o trabalho de recomposição do acervo, vamos tratar isso com muito carinho”, disse.

A obra fazia parte da decoração do Salão Nobre do Palácio do Planalto e foi retirada do local a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A decisão foi considerada um ataque às religiões de matriz africana.

A pintura também foi removida na época da ditadura militar, durante o governo de Ernesto Geisel (1974-1979), de religião luterana. 

A obra só voltou ao prédio após decisão da ex-primeira dama Ruth Cardoso, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Desde então, o quadro foi mantido no local por todos os chefes do Executivo que passaram pelo cargo, com exceção de Bolsonaro. 

Gesiel Júnior, que já escreveu quatro biografias sobre Djanira e administra um memorial da artista, comemorou a informação divulgada por Janja. Em entrevista ao g1, Gesiel afirmou estar contente com a representação.

“Djanira representa a força da arte brasileira, a tolerância religiosa e o nacionalismo. Ela é o retrato da mulher, que independente das dificuldades, foi à luta e conquistou lugar de destaque. Nós, que somos do interior, estamos muito contentes em sermos representados. O retorno da obra no Palácio é sinônimo de respeito e liberdade religiosa”, apontou.

Pintora, ilustradora, desenhista e um dos grandes nomes do modernismo brasileiro, Djanira pintou o quadro em 1966. A obra representa três orixás: Iansã, Oxum e Nanã e, ao lado, há duas filhas de santo.

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