Operação da PF sobre atos golpistas inclui o Ceará
Suspeitos podem cumprir até 34 anos de prisãoA Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil do Distrito Federal deflagram, nesta quinta-feira, 29, operação contra suspeitos de envolvimento em atos de vandalismo em Brasília. A investigação mira bolsonaristas apontados como responsáveis pela tentativa de invadir a sede da Polícia Federal, na noite de 12 de dezembro. São cumpridos 32 mandados, 11 de prisão e 21 de busca e apreensão.
A chamada "Operação Nero" ocorreu simultaneamente nos estados do Ceará, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. A investigação foi aberta após extremistas tentarem invadir a sede da PF em protesto à prisão do indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante. Os manifestantes também atearam fogo em carros e ônibus.
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A PF e a Polícia Civil do Distrito Federal identificaram 40 pessoas suspeitas de envolvimento nos atos de vandalismo que se desenrolaram na capital federal no último dia 12 após a prisão do indígena bolsonarista.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão de 11 deles. Os mandados estão sendo cumpridos nesta quinta-feira, 29, na Operação Nero.
Até o momento, o foco da investigação foi identificar os envolvidos diretamente nos protestos violentos. De acordo com as informações já levantadas, eles também teriam participado do acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição.
A PF acredita, no entanto, que os atos de vandalismo não foram premeditados. A principal hipótese é a de que tenham sido desencadeados pela prisão do cacique.
Algumas das pessoas identificadas também são suspeitas de envolvimento na instalação de uma bomba próximo a um caminhão de combustível no aeroporto de Brasília. O artefato foi desarmado por peritos antes de explodir.
O próximo passo da investigação é chegar a possíveis financiadores dos protestos. Além dos 11 mandados de prisão temporária, a PF também cumpre 21 mandados de busca e apreensão. O material colhido e os depoimentos dos presos devem subsidiar a continuidade das apurações.
O delegado-geral da Polícia Civil no Distrito Federal, Robson Candido da Silva, destacou o trabalho conjunto entre as áreas técnicas das polícias. "É uma resposta do Estado a essas pessoas que porventura estão fugindo dos seus limites de manifestação ideológica", pontuou. "As polícias Federal e Civil não vão se furtar de suas atribuições e compromissos institucionais de defesa da sociedade", destacou o delegado.
Entenda o caso
A investigação foi aberta após os acontecimentos da noite de 12 de dezembro. Até então, inconformados com a vitória e a posse iminente do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diversos apoiadores de Jair Bolsonaro já demostravam atos cunho golpista, como incendiar veículos e depredar prédios públicos e privados.
O estopim foi a prisão, por dez dias, do indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante, por suspeita de insuflar manifestações antidemocráticas em vários pontos de Brasília. Os apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram a sede do órgão federal, além de cercarem o hotel em que o presidente eleito petista estava hospedado.
Até o momento, a investigação apontou indício de crimes de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Caso condenados, os suspeitos podem cumprir penas máximas de até 34 anos de prisão.
Com Agência Estado