Dino desiste de indicar policial que defendeu prisão de Lula para chefiar PRF

Futuro ministro da Justiça Flávio Dino desfez a indicação menos de 24 horas após o anúncio

17:46 | Dez. 21, 2022

Por: Redação O POVO
Ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que há articulações para atos golpistas nos próximos dias (foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Menos de 24 horas após ser anunciada, a indicação de Edmar Camata para diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi cancelada. O anúncio da desistência foi feito por Flávio Dino, anunciado para ministro da Justiça e Segurança Pública. A indicação foi contestada porque Camata defendeu nas redes sociais a prisão do hoje presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fez elogios a expoentes da operação lava Jato.

Em 13 de abril de 2018, dias após a prisão de Lula, Camata publicou nas redes sociais:

"O fato, hoje, é que Lula está preso. Também estão presos Cabral, Cunha, Geddel, Vaccari, André Vargas, Henrique Alves, Palocci, Gim Argelo… todos presos. Todos inocentes? Todos sem provas? Lula não foi o primeiro. Ao contrário, sua prisão foi cercada de precauções, para muitos, desnecessárias".

Em em julho de 2017, ele publicou foto com o então procurador Deltan Dallagnol, eleito deputado federal neste ano. Ele escreveu:

"Tive cinco minutos que certamente milhões de brasileiros gostariam de ter, e espero ter honrado. À frente, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol. Pude falar do orgulho e confiança que a ampla maioria dos brasileiros tem na atuação desses profissionais, que de maneira inovadora se impõem contra a corrupção".

O registro era de um evento em homenagem à operação Lava Jato.

Sobre o recuo, Dino justificou: "Tivemos uma polêmica nas últimas horas, e o entendimento meu e da minha equipe foi proceder a substituição. Não é um julgamento sobre o que ele achava em 2017 ou em 2018. Não é, a meu ver, determinante. Mas, em face da polêmica, resolvi fazer a troca", afirmou no Centro Cultural Banco do Brasil, onde ocorrem os trabalhos da transição, em Brasília.

O futuro ministro disse que a decisão sobre a indicação e sobre o recuo foram exclusivamente dele. "Não há avaliação negativa quanto às questões morais dele. É puramente política", disse Dino. 

Antônio Fernando Oliveira é o novo escolhido para diretor-geral da PRF.