Com euforia, bolsonaristas celebram fracasso da seleção brasileira na Copa em Fortaleza
Apoiadores do presidente comemoraram classificação da Croácia diante do Brasil nas quartas de finais da Copa do Mundo do Catar
19:31 | Dez. 09, 2022
Em clima de muita euforia e vibração, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) festejaram a eliminação da seleção brasileira da Copa do Mundo do Catar, nesta sexta-feira, 9, em frente à 10ª Região Militar, em Fortaleza. Vestidos de verde e amarelo, bolsonaristas celebraram a classificação da Croácia como uma “derrota da esquerda” e da TV Globo.
Os manifestantes acreditam que a participação do time brasileiro na competição internacional colabora para o esvaziamento dos atos antidemocráticos realizados às portas de quartéis em várias cidades do Brasil. Na Capital cearense, por exemplo, a manifestação desta sexta teve baixa adesão de participantes durante o horário do jogo.
"Perdeu, mané!". Bolsonaristas que estão acampados em frente à 10ª Região Militar, em Fortaleza, comemoraram a derrota do Brasil para a Croácia nas quartas de final da Copa. Há mais de um mês, eles pedem intervenção militar para impedir posse de Lula.
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“Patriotas, aqui não é o jogo do Brasil, mas o jogo da liberdade, pois não queremos o nosso Brasil nas mãos do comunismo”, disse, em megafone, um dos organizadores do ato antes do começo da partida. No local, poucos manifestantes deram atenção ao jogo. Alguns acompanharam o duelo por meio do celular, em transmissões no Youtube.
Reunido na Praça da Sé, no entorno do quartel, um grupo de bolsonaristas viu o jogo do começo ao fim e comemorou o fracasso da seleção brasileira após a decisão nos pênaltis. “Valeu, Croácia, obrigado por nos libertar desse pão e circo”, disse um apoiador do presidente, em clima de euforia, enquanto o time brasileiro lamentava a desclassificação dentro de campo.
O técnico Tite, a TV Globo e o elenco da seleção foram alvo de críticas após o fim da partida. Para os manifestantes, todos fazem parte de “um grande complô a favor da esquerda”.
“O país está vivendo um momento dificílimo, está doente. É um momento dramático e eles [jogadores da seleção] estão rindo. Por quê? Porque eles têm dinheiro e nem aqui no Brasil moram”, comentou um senhor vestido com a camisa da seleção brasileira, durante conversa com um dos organizadores do ato.
Na linha das teorias da conspiração, um outro manifestante estranhou o fato de a Copa do Mundo estar sendo realizada, pela primeira vez na história, após o período das eleições brasileiras. “Foi tudo combinado para tirar o foco do povo. É só botar os pingos nos is. Porque enquanto o jogo está passando eles estão lá fazendo as maracutaias deles”.
A mudança do cronograma do torneio, contudo, não tem nenhuma relação com o Brasil e foi decidida pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) ainda em 2015. A alteração tem a ver com as altas temperaturas que afetam o Catar no meio do ano, período em que a Copa era realizada anteriormente.
Além da torcida contra a seleção brasileira, os bolsonaristas voltaram a questionar o resultado das eleições presidenciais, cujo vencedor foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pediram intervenção militar no Governo para impedir a posse do petista no dia 1º de janeiro. “Se for preciso, a gente acampa, mas o ladrão não sobre a rampa”, gritavam os manifestantes.
A pauta golpista é a tônica principal da manifestação que ocorre em frente ao quartel do Exército, em Fortaleza, desde 31 de outubro, um dia após a derrota de Bolsonaro no pleito. Inconformados com o resultado das urnas, apoiadores do presidente acampam em tendas e barracas improvisadas e alguns até pernoitam no local em verdadeira vigília pró-golpe.
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