Júlio Brizzi diz que política nacional para juventude foi "extinta" durante governo Bolsonaro

O pedetista, que trabalha na parte orçamentária da equipe de transição, diz que o maior desafio tem sido lidar com o desmonte das políticas para a juventude durante o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

18:17 | Nov. 29, 2022

Por: Filipe Pereira
Vereador Júlio Brizzi (PDT): debate sobre a taxação precisaria ser realizado com mais tempo e responsabilidade (foto: Reprodução)

O líder do PDT na Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Júlio Brizzi (PDT), comentou, nesta terça-feira, 29, sobre sua atuação na equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar trabalha no grupo técnico de Políticas de Juventude. O pedetista, que atua na parte orçamentário do grupo, diz que o maior desafio tem sido lidar com o desmonte das políticas para a juventude durante o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

"A gente vê que a política de juventude foi praticamente extinta nacionalmente, infelizmente. Você pega o gráfico orçamentário de execução de 2015, pega para 2022, é quase inexistente o orçamento para juventude em 2022 no governo federal. Então, foi um desmonte muito intenso que foi feito e agora o esforço é para tentar, numa política tão importante como essa transversal, propor algo para que seja retomada [a política para juventude]". 

O vereador destacou dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em que jovens entre 15 e 29 anos aparecem correspondendo a 23% da população brasileira, somando mais de 47 milhões de pessoas. O pedetista diz que essa parcela da população ainda vive em periferias da cidade ou na área rural, com dificuldades de comunicação, em situação de violência e sem segurança alimentar. 

"Então, é um desafio muito grande para o país poder dar oportunidade para esse público. Esse vai ser o nosso esforço de sugerir para que o novo governo possa ter aí ideias para poder implementar nos próximos anos", afirmou Brizzi. Ele avalia que, para colocar em prática as novas políticas de governo, a futura gestão tem como principais desafios a questão orçamentária. 

O Brasil caminha para estourar o teto de gastos pelo quarto ano consecutivo. A equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indica aumento para R$ 198 bilhões dessa despesa extra em 2023. Se confirmado, totalizará um gasto fora da regra de R$ 1 trilhão em 4 anos.

O governo Bolsonaro, por exemplo, já gastou R$ 815,1 bilhões com a flexibilização da regra desde 2020. Primeiro, por causa da pandemia do novo coronavírus que afetou o mundo a partir do 1º semestre de 2020. Depois, para turbinar o Auxílio Brasil e outros vouchers.

"Durante os quatro anos, obviamente teve a pandemia, uma situação excepcional, mas além disso, ele [Bolsonaro] também furou o orçamento para outras coisas, mas legalizou através das PECs que ele apresentou (...) Isso é um desafio pro novo governo também, conseguir estabelecer uma nova relação com o Congresso, em relação ao orçamento. Também ter recurso ao mesmo tempo para conseguir executar as políticas sociais prometidas na campanha", diz o vereador. 

O parlamentar adiantou que deve apresentar em breve um relatório sobre a parte orçamentária que envolve o GT de Políticas de Juventude. Segundo ele, o documento já está pronto. "Está com a linha de sugestões e essa semana isso tudo vai ser compilado e debatido para poder ser apresentado para comissão de direitos humanos, que é onde a gente está vinculado, e também para comissão geral de transição", comentou.

Com o relatório prévio nas mãos da comissão geral, Brizzi projeta que o relatório final a ser usado pela transição de Lula deva ficar pronto até a metade de dezembro.