Cid sobre PT e PDT: "Nunca vai conseguir restabelecer relação que existia no passado"
Pedetista fala em luta por consenso para reconstruir aliança desfeita após quase duas décadas entre os partidos no CearáO senador Cid Gomes (PDT) tem atuado nos bastidores do seu partido para reconstruir a relação com o PT, que foi desfeita nas eleições de 2022 após 16 anos de duração. O pedetista, no entanto, confessa a dificuldade de restabelecer o vínculo a nível estadual entre as duas legendas, ao menos da forma como estava antes do rompimento.
"A minha luta a vida inteira tem sido pela busca de construção de consensos. Mas se não conseguir consenso, acho que a gente construa uma maioria, uma maioria que seja bem respaldada para procurar reeditar. Naturalmente, em situações diferentes, a gente nunca vai conseguir restabelecer uma relação que existia no passado, mas é o esforço de reconstrução", afirmou o político.
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Ele concedeu entrevista ao jornalista Farias Júnior, da rádio CBN CARIRI, nesta quarta-feira, 23. Cid, que disse se sentir como espécie de "patrono" e "padrinho" da aliança, voltou a lamentar o rompimento. O pedetista afirma que o afastamento ocorreu "razões alheias" a ele, mas indica que espera ser possível reconstruir o vínculo.
Na avaliação do político, juntos, os partidos poderiam vencer a disputa pelo Palácio da Abolição no primeiro turno, com uma votação próxima a casa dos 60%.
As siglas romperam após discordâncias sobre o nome para a sucessão estadual. Enquanto a ala petista defendia o nome da atual governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido) para concorrer ao pleito, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) acabou sendo escolhido. Acusando rompimento "tácito e unilateral", o PT lançou Elmano, que acabou vencendo em primeiro turno.
A disputa acabou sendo marcada por ataques entre os ex-aliados. Correligionários do PDT, inclusive, acusaram adversários de usar a máquina do Estado para para alavancar a campanha do governador eleito.
Durante a disputa, Cid manteve silêncio sobre a disputa para o governo, alegando que iria atuar como uma espécia de cupido para reatar a aliança. O ex-governador do Estado fez campanha apenas para Camilo Santana (PT), para o Senado, e Ciro Gomes (PDT), para a Presidência.
Passada a disputa, o senador disse que conversou com RC, com quem não falava desde vários dias antes do primeiro turno, conforme informou. "Eu tive uma reunião com o Roberto e nós tratamos muito de coisas futuras", disse. E acrescentou: "Cada um mostrou sua visão e vamos, no que depender de mim, construir a relação".
Sobre a relação com seu irmão Ciro, o ex-governador do Ceará afirmou: "Problema de família a gente trata em família. Eu não vou, jamais, trazer para o público assuntos que dizem respeito à relação familiar".
O senador ressaltou que, apesar das divergências durante as eleições, permanece "afinado" politicamente com o ex-presidenciável. "Ao longo da vida, eu devo ter tido duas visões diferentes de condução de processos na vida com o Ciro. Em meio a milhares de afinidades, a gente deve ter tido ao longo da vida duas divergências", acrescentou.
Durante a campanha, Ciro disse ter sido alvo de “traição” entre lideranças políticas do Ceará, sem citar nomes, e que recebeu uma “facada nas costas”.
O futuro do PDT no Ceará
Ao ser questionado sobre os rumos do partido no Estado, Cid disse que a estratégia adotada durante as eleições gerou "graves prejuízos", mas exaltou o partido ter mantido a maior bancada cearense na Câmara e na Assembleia Legislativa. A legenda elegeu 13 e cinco deputados para as casas, respectivamente.
"Nós temos que voltar os olhos agora, naturalmente, para essa questão que é urgente, de qual será o nosso comportamento em relação ao governo que se instalará a partir de 1º de janeiro, liderado pelo Elmano", disse , o político.
Ele acrescenta que a legenda deverá começar a se articular para as eleições municipais de 2024. "Formar quadros para procurar estimular os nossos quadros a participarem do processo", explicou.