Bolsonaro recebeu R$ 1 milhão de 16 empresários suspeitos de financiar atos golpistas

Decisão do STF solicitou o bloqueio de 43 contas de empresários suspeitos de promoverem bloqueio de estradas

11:27 | Nov. 18, 2022

Por: Júlia Duarte
Caminhões e veículos formam bloqueios em protesto pela derrota eleitoral de Bolsonaro (foto: Anderson COELHO/AFP)

Pelo menos 16 empresários alvos do inquérito que investiga o financiamento de apoio a atos antidemocráticos fizeram doações para a campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL). As doações feitas pelos investigados somam mais de R$ 1 milhão.

No sábado, 12, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou o bloqueio de contas bancárias de 43 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de financiar atos antidemocráticos, que não aceitam o resultado da eleição presidencial de outubro. 

As pessoas atingidas estão, segundo o processo, envolvidas no bloqueio de estradas e na realização de manifestações em frente a quartéis-generais do Exército, pedindo intervenção militar no país. Em alguns casos, caminhões das empresas dos investigados foram encontrados parados nas estradas e em frente a quarteis do Exército. 

Mais de 78% do dinheiro disponível para a campanha de Bolsonaro veio por meio de doações de pessoas físicas. O presidente teve à disposição R$ 88 milhões só com transferências de apoiadores. Muitos desses repasses saíram de empresários do agronegócio, setor com parte significativa dos alvos de Moraes.

Conforme levantamento feito pela Folha de S. Paulo, a maior doação feita dentre os alvos foi Atilio Rovaris, sócio da Transportadora Rovaris. Ele fez uma transferência de R$ 500 mil para a campanha de Bolsonaro no dia 11 de outubro. 

A segunda maior doação foi feita por Ilo Pozzobon, sócio da Fermap Transportes. Ele doou R$ 122 mil para Bolsonaro em três remessas diferentes. O terceiro que mais doou foi Sergio Bedin, somando duas transferências de R$ 50 mil —uma para o primeiro turno e outra para o segundo. Ao contrário dos outros dois investigados que foram citados no processo por meio das empresas, Bedin é um alvo direto da operação. 

Desde o resultado da eleição, que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente, apoiadores de Bolsonaro fecham estradas e acampam em frente a prédios militares.