Polícia diz que não identificou lideranças dos atos golpistas no Ceará

Constatação foi feita em relatório elaborado pela Polícia para enviar ao STF

19:34 | Nov. 16, 2022

Por: Israel Gomes
 Bolsonaristas promovem atos golpistas em frente ao quartel da 10 Região Militar, em Fortaleza. (foto: Fco Fontenele/O POVO)

As lideranças que organizaram os atos antidemocráticos, no Ceará, que questionam o resultado das eleições de 2022, não foram identificadas no relatório elaborado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). As polícias Civil e Militar, além do Ministério Público dos estados elaboraram um documento com o perfil dos coordenadores e financiadores das atividades golpistas.

As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo, que teve acesso ao documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"No Estado do Ceará, foram identificadas manifestações a partir do dia 1º de novembro de 2022 sem, contudo, poder identificar uma liderança local para a incitação às manifestações", diz trecho do relatório, que limita-se a informar apenas os proprietários de veículos flagrados nos atos. São citados ao menos 15 proprietários de automóveis em Fortaleza e mais seis em Juazeiro do Norte, que aparecem em fotos e vídeos anexados no documento.

As informações foram apuradas pela Polícia Civil, em conjunto com os demais órgãos da segurança pública ligados à SSPDS, com relatório elaborado pela Coordenadoria de Inteligência.

Desde o dia 30 de outubro, data em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL), apoiadores do presidente têm realizado atos golpistas em várias cidades espalhadas pelo País.

Os bolsonaristas defendem, entre outras pautas, a intervenção das Forças Armadas, o que é inconstitucional, além do que definem como "intervenção federal", que consiste em perpetuar atual mandatário no poder, antidemocraticamente, até que novas eleições sejam realizadas. Também são feitos ataques aos ministros do STF, às urnas e ao processo eleitoral do País.

No Ceará, segundo o relatório, os atos têm se concentrado de maneira contínua em frente ao Comando da 10ª Região Militar, na avenida Alberto Nepomuceno. "O quantitativo de participantes oscila, tendo seu número de integrantes tendendo aumentar durante o fim da tarde até o final da noite, todavia sem bloqueios completos das vias", diz o documento.

O POVO solicitou informações à SSPDS sobre o relatório, divulgado pelo Estadão, durante a manhã desta quarta-feira, 16, e aguarda resposta do órgão.

Veja o relatório elaborado pela SSPDS: 

MPF não investiga atos golpistas no Ceará

Os atos golpistas são monitorados pelo MPF em 17 estados e no Distrito Federal. A iniciativa tem intuito de localizar os financiadores dos acampamentos organizados próximo aos quartéis do Exército. No entanto, o Ceará está entre as poucas unidades federativas sem atuação direta por parte do órgão.