Janja, esposa de Lula, vê machismo em críticas: "Agora tem uma mulher que soma"
Janja citou as ex-primeiras damas, dos Estados Unidos, Michelle Obama e, da Argentina, Eva Perón, conhecida como Evita
14:22 | Nov. 14, 2022
A futura primeira dama do Brasil, Rosângela da Silva, a Janja, disse ver machismo nos ataques e críticas feitos a ela durante a campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela citou, em entrevista ao Fantástico, no domingo, 13, as ex-primeiras damas dos Estados Unidos, Michelle Obama e, da Argentina, Eva Perón, conhecida como Evita, como inspirações para ressignificar o papel que vai desempenhar em 2023.
"Houve machismo porque a figura do Lula por si só bastasse, agora tem uma mulher do lado dele, não que complemente, mas que soma com ele em algumas coisas. Acho importante olhar para ele, mas também estar me vendo. Isso não acontecia antes, você só olhava para ele. Hoje ele tem um complemento, uma soma, que sou eu", disse.
Ela afirmou que deve ser uma primeira dama atuante por sua personalidade "propositiva". "Eu sou essa pessoa propositiva, que não fica sentada, que vai e faz.[...] Ele (Lula) sair para trabalhar e eu vou ficar em casa? Isso é difícil de acontecer, porque não é da minha personalidade", ressaltou.
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Janja citou as ex-primeiras damas dos Estados Unidos, Michelle Obama e, da Argentina, Eva Perón, conhecida como Evita, como inspirações para ressignificar o "conteúdo" do que é ser primeira dama. "Revelaram algumas coisas sobre a história dela que eu acho que nem todo mundo conhece. Não conhecem o papel que ela teve para as mulheres daquele momento histórico da Argentina", disse ela sobre Evita.
Sobre Michelle, Janja elogiou as propostas ligadas à saúde sugeridas pela ex-primeira dama estadunidense. Janja prometeu tratar de pautas como o combate à violência contra mulheres e ao racismo, além da questão da fome, com foco na qualidade da alimentação dos brasileiros.
Dilma defende Janja
Na sexta-feira, 11, a jornalista Eliane Cantanhê criticou a presença de Janja em um evento oficial da transição de governo. No programa "Em Pauta", a comentarista da GloboNews afirmou que Janja "já começou a participar de reunião, já vai dar palpite e daqui a pouco ela vai dizer quem pode ser ministro. Isso dá confusão. Se é assim na transição, imagina quando virar primeira-dama".
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chamou a fala de Cantanhêde de "desprezível"."Me apavora o machismo incrustado na cabeça de mulheres ditas esclarecidas, onde estereótipo dos papéis delegados a nós é o importante", disse em publicação.
No domingo, 13, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) também saiu em defesa de Janja e chamou o episódio de misógino. "Exigir das primeiras-damas que sejam silenciosas é reproduzir o pior da misoginia e do machismo. Janja tem de ser respeitada. Lugar de mulher é onde ela quiser estar. Isto vale para jornalista, vale para militante que seja mulher de presidente, vale para cada uma de nós, mulheres", afimou.
Em resposta a Gleisi, Cantanhêde disse que chegou a elogiar Janja e só "separou a relação pessoal com a função pública. "Alguém falar de 'machismo incrustado' comigo não é só injusto, é ridículo. Meu feminismo está no DNA e numa vida inteira. Elogiei Janja, apenas separei relação pessoal com função pública".
A jornalista, em mensagens a outros seguidores, reforçou que sua intenção era fazer uma distinção entre as duas esferas. "Apenas disse que uma coisa é a relação pessoal, outra é a função pública. Já imaginou o contrário? Se fosse uma mulher presidente e o marido se metendo em tudo?", exemplificou.