Manifestação golpista na 10ª Região Militar começa a perder público

Apoiadores de Bolsonaro se expressaram contra o "comunismo" e pediram que Forças Armadas intervenham no resultado legítimo das urnas

19:09 | Nov. 12, 2022

Por: Carlos Holanda
Grupo de bolsonaristas se reúne em frente ao quartel da 10 Região Militar para pedir intervenção federal (foto: FCO FONTENELE)

Após 13 dias do resultado da eleição em segundo turno, da qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor, militantes pró-Bolsonaro em Fortaleza promovem espécie de acampamento em frente à 10ª Região Militar, Av. Alberto Nepomuceno, no Centro, para contestar o resultado apontado pelas urnas eletrônicas às quais o candidato à reeleição pelo PL se submeteu.

Os apoiadores do ainda presidente pedem intervenção das Forças Armadas para remover antecipadamente o líder petista do cargo que irá assumir em janeiro de 2023, pela terceira vez (2003-2006 e 2007-2010).

O POVO esteve no local, na tarde deste sábado, e constatou um cenário de desmobilização do movimento de essência golpista, se comparado ao seu começo.

Ali, em meio a barracas de acampamento e tendas de plástico, faixas pedem que as Forças Armadas rompam com a normalidade democrática para garantir Bolsonaro no poder ou, pelo menos, evitar que Lula assuma a Presidência. Não há qualquer evidência de que as urnas eletrônicas foram fraudadas na corrida eleitoral deste ano.

A estratégia de lançar suspeitas sobre a integridade dos equipamentos com os quais o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) promove as eleições esteve presente quase que integralmente no discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato derrotado à reeleição.

Os manifestantes também associavam a imagem de Lula e do PT ao comunismo. Uma faixa em inglês continha "not comunism", pedindo aos simpatizantes de Bolsonaro que ocupem as ruas. Outra carregava menção aos filhos, de modo a dizer que aquele protesto existia em nome do futuro deles. Bandeiras de Israel marcaram presença na manifestação tanto quanto a brasileira. 

O Ministério da Defesa, liderado pelo cearense Paulo Sergio Nogueira, emitiu relatório sobre as urnas segundo o qual o processo eleitoral não foi fraudado. Nenhuma prova ou indício de suposto desvirtuamento do resultado foi apontado. A pasta, no entanto, apontou possibilidades de evolução do processo eleitoral.

Durante a noite deste sábado, por volta de 20 horas, a reportagem do O POVO verificou que a manifestação teve maior adesão, lotando o entorno do Forte de Nossa Senhora da Assunção. Carros estacionados, bandeiras do Brasil e pessoas transitando tornaram mais lento o fluxo de veículos que passavam por ali. (colaborou Mariana Lopes/Especial para O POVO)