Aluno arrastado por bolsonaristas relata medo de voltar às aulas: "Pensei que fosse morrer"
Alunos da Etec Vasco Antônio Venchiarutti (ETEVAV) temem pela vida enquanto o local estiver ocupado por bolsonaristas
17:13 | Nov. 08, 2022
Na última quinta-feira, 3, bolsonaristas que participavam de atos golpistas em São Paulo invadiram um ônibus que transportava adolescentes em Jundiaí. Quase uma semana depois, o caso de violência ainda preocupa estudantes que têm que passar, diariamente, em frente às manifestações antidemocráticas que continuam concentrando pessoas em frente ao 12º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) da cidade.
Uma reportagem do G1 traz o relato do aluno da Etec Vasco Antônio Venchiarutti (ETEVAV), Pedro Henrique Silva de Lima, que estava dentro do ônibus quando bolsonaristas jogaram uma pedra na janela e invadiram o veículo. Um colega de Pedro, Vitor Cotrim, ficou ferido após ser atingido pelos estilhaços de vidro.
Veja o caso:
Bolsonaristas invadiram um ônibus que transportava adolescentes em Jundiaí, São Paulo, nessa quinta-feira, 3. Em vídeos que circulam as redes sociais, é possível ver que um dos homens está com uma bandeira do Brasil pendurada no pescoço e grita com os estudantes. pic.twitter.com/DjwZFlfmou
— Jogo Político (@jogopolitico) November 4, 2022Um agressor, já identificado e investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG), tentou arrastar Pedro para fora do ônibus durante a confusão. O aluno relata o episódio.
"No momento em que eles adentraram o ônibus, eu estava quieto, e o cara veio me puxar. Naquele momento, eu imaginei tudo de pior possível. Pensei que fosse morrer. Só na hora que eu vi que estava todo mundo ali [grupo de amigos] do meu lado que me deu uma tranquilizada", diz o estudante.
A vítima relata que o homem só desistiu de puxá-lo para fora pois uma mulher, que aparentava ser parente do agressor, pediu um "basta"."Me senti muito desprotegido e tive um baita sentimento de indignação. Na minha cabeça só se passava: 'eles vão me tirar desse ônibus, vão me bater, talvez me bater num ponto de eu morrer e a polícia só ia ficar ali olhando'", explicou Pedro, ao G1.
As agressões teriam acontecido quando o veículo que transportava os estudantes passou próximo a uma concentração bolsonarista, na Vila Rami, que protesta contra o resultado das eleições. Ao passarem ao lado da concentração dos atos golpistas, os estudantes gritaram palavras contrárias ao governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
"A gente resolveu protestar a favor do futuro presidente Lula e contra o atual regente Bolsonaro. Então começamos a fazer o 'L', a gritar a favor de Lula. No começo, eles só trocaram farpas com a gente mesmo, tipo xingando e tal. Então foi aquela troca. Aí, quando a gente estava quase saindo do local, eles atacaram", diz Pedro.
Os homens teriam, então, arremessado uma pedra contra a janela do veículo e os estilhaços atingiram pessoas no interior do ônibus. O vídeo mostra outros estudantes tentando impedir a ação dos agressores e, de acordo com o jornal, a confusão só terminou após apelos de uma mulher.
Os estudantes pediram, por questões de segurança, que fosse feita a retirada dos bolsonaristas do local. Os grupo de alunos da ETEVAV temem pela vida enquanto o local estiver ocupado pelas manifestações.