Com participação de cearense, empresários bolsonaristas defendem golpe se Lula for eleito
Colunista de jornal afirma que grupo de empresários vem defendendo tese de ruptura institucional em caso de vitória de Lula nas eleições de outubro
21:24 | Ago. 17, 2022
Um grupo de empresários bolsonaristas defendeu um golpe na hipótese de Lula (PT) se eleger para um terceiro mandato presidencial nas eleições de outubro. A informação é do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles. Segundo ele, entre os empresários que pregam uma ruptura institucional está o cearense Afrânio Barreira, do grupo Coco Bambu.
Amado relata ter acompanhado troca de mensagens entre os membros de um grupo de WhatsApp do qual os empresários fazem parte. Além de Barreira, integrariam esse grupo “Luciano Hang, dono da Havan; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; e outros menos famosos, como José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii”.
Nesse espaço, ainda de acordo com Amado, “o apoio a um golpe de Estado para impedir a eventual posse de Lula ficou explícito no dia 31 de julho”. “José Koury, proprietário com extensa atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro”, escreveu o jornalista, “foi quem abordou o tema, ao dizer que preferia uma ruptura à volta do PT”.
“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou Koury nesse grupo chamado de “Empresários e Política”.
Amado então narrou que a sugestão teria ganho adesões. “O empresário Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu e eleitor público de Bolsonaro, também respondeu à mensagem de Koury, com a figurinha de um rapaz aplaudindo”, afirmou.
Conforme o Metrópoles, “a possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo” e que, além da tese, os integrantes do grupo também compartilharam ofensas a magistrados e críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ao se apresentar ao grupo”, contou Amado, “Wrobel disse ser eleitor de Bolsonaro desde o segundo mandato do ex-capitão na Câmara dos Deputados: ‘Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público’, publicou”.
Ao jornalista, Afrânio Barreira negou qualquer tipo de defesa de quebra da ordem institucional. “Nunca me manifestei a favor de qualquer conduta que não seja institucional e democrática. Fico surpreso com a alegação de que eu seria um apoiador de qualquer tipo de rompimento com o processo democrático, pois isso não corresponde com o meu pensamento e posicionamento”, respondeu o empresário a Amado.
Barreira acrescentou que “a democracia é a chave para construção de um Brasil melhor” e que valoriza, “e muito, a oportunidade de conseguir votar e escolher os representantes de nosso povo brasileiro, e todo cidadão deveria ter a consciência da importância deste momento”.
“Valorizo e sempre defenderei um processo eleitoral honesto e justo. A autonomia e separação de cada um dos três poderes é essencial para construção de uma sociedade com liberdade. Apoio e defendo que as instituições que representam cada um dos poderes sejam fortes e íntegras, atuando sempre, cada uma delas, dentro das regras da nossa Constituição Federal de 88”, declarou o cearense.