Ex-primeira-dama critica decisão de Sarto de fechar Gonzaguinha de Messejana
Natália Herculano argumentou que a medida da prefeitura de transferir os atendimentos para o José Walter vai ocasionar crise assistencial devido superlotação dos hospitais
17:27 | Jul. 01, 2022
A ex-primeira-dama de Fortaleza, Natália Herculano (PSDB), criticou o anúncio da Prefeitura sobre fechamento do Hospital Gonzaga Mota (Gonzaguinha), no bairro Messejana. O prefeito José Sarto (PDT) declarou que a unidade deve parar com os atendimentos a partir deste mês de julho, quando está previsto o início de uma reforma geral na estrutura. “Nós não podemos deixar que isso aconteça, é preciso que haja um entendimento entre a Prefeitura e a população para que o hospital continue funcionando mesmo em reforma”, disse a ex-esposa do prefeito.
Natália argumentou que como é enfermeira e já trabalhou em um Gonzaguinha, sabe da importância do hospital para a comunidade, sobretudo para as mulheres. “São 300 partos por mês. São 550 mil atendimentos, ou seja, meio milhão de pessoas vão deixar de ser atendidas na regional 6". Ela ainda defende que a reforma na unidade é necessária, mas que “não podemos fechar o hospital”.
Pessoal, o #GonzaguinhadaMessejana vai ser fechado pra reforma nesse mês de julho. E esse hospital atende cerca de 550 mil pessoas. São mais de MEIO MILHÃO de fortalezenses que vão ficar desamparados tendo que se deslocar pra outro hospital, que fica no José Walter. pic.twitter.com/G0EUxlSGo9
Ela comenta ainda a proposta da Prefeitura em transferir esses atendimentos do Gonzaguinha de Messejana para outra unidade no José Walter. Natália afirma que essa medida é inviável, uma vez que o hospital do outro bairro não terá espaço para receber outros 550 mil atendimentos novos, além da demanda já existente. "Como que uma unidade que já tem os próprios atendimentos vai receber 550 mil novos atendimentos?”, questiona.
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Natália esclarece ainda que os Gonzaguinhas possuem atendimentos voltados principalmente para mulheres, que precisam, por exemplo realizar partos. Outras são vítimas de violência ou são acometidas por Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). “Então, isso também é uma luta das mulheres”, diz. “Gente, não dá. Queremos respostas e uma solução para a crise assistencial que será gerada com a superlotação dos hospitais. A saúde deve ser sempre prioridade”, finaliza.
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Segundo a secretária da Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite, a expectativa é de que após a transferência dos pacientes, também seja concluído o realocamento dos equipamentos do hospital para as demais unidades da rede, assim como a distribuição dos prontuários.
Ainda de acordo com a titular da pasta da saúde municipal, os funcionários que trabalham na unidade de Messejana também já estão sendo transferidos. Ela afirma que a maioria já está com escala definida.
Desde o dia 29 maio, data em que a Prefeitura anunciou o encerramento das atividades do Gonzaguinha da Messejana para a realização de uma reforma, ocorreram diversas manifestações contrárias ao fechamento do hospital.
A Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), o Sindicato dos Médicos do Ceará e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec) afirmam que o fechamento do hospital prejudicará o atendimento à população. Dentre as reclamações, está a distância que os pacientes terão de percorrer, pois cerca de 12 quilômetros separam as duas unidades.
A secretária de Saúde explica que a a vinculação da gestante à rede de saúde é feita no pré-natal, onde ocorre a classificação do risco da gestação, para que assim seja definido o encaminhamento a uma maternidade.
"Quem está no entorno vai ter que se deslocar um pouco mais. Vamos acompanhar de perto esse deslocamento no primeiro mês. Caso seja preciso, buscaremos estratégias de maior apoio", destaca.