Ex-ministro da Educação e pastor ligado a Bolsonaro são presos pela PF

Teria sido pedida propina até em ouro pela liberação de verbas públicas. Esquema envolveria também venda de Bíblias. Pastores alvos são ligados a Bolsonaro

08:43 | Jun. 22, 2022

Por: Redação O POVO
Ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro (foto: EVARISTO SÁ / AFP)

O ex-ministro da Milton Ribeiro e o pastor Gilmar Santos foram presos pela Polícia Federal em operação realizada na manhã desta quarta-feira, 22. Eles são investigados por suspeita de tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

São cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços do ex-ministro, de Santos e também do pastor Arilton Moura. Os pastores seriam intermediários na liberação de verbas no MEC, mesmo sem exercerem qualquer cargo no governo, conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo. Gilmar Santos é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos. Arilton é secretário da mesma entidade.

Em áudio, Ribeiro afirmou que priorizava pedidos intermediados pelos pastores, e afirma que a orientação para isso partiu do presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-ministro deixou o cargo em março, em meio às denúncias, apesar de Bolsonaro dizer que não viu "nada de mais" em áudio. Antes do pedido de demissão, Bolsonaro chegou ainda a enfatizar a confiança no ex-auxiliar agora preso: "Boto minha cara no fogo". Após a demissão, a primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que Milton Ribeiro é honesto. "Estou orando pela vida dele. Eu confio muito nele", disse na época.

Pela liberação de verbas, os prefeitos denunciam haver pedidos de propina até em ouro, conforme revela áudio. As suspeitas de favorecimento envolvem até a compra de Bíblias, algumas das quais com foto do ministro.

Os pastores organizavam viagens do então ministro com dirigentes do FNDE e articulavam encontros de prefeitos na casa de Ribeiro. Tinham ainda acesso ao próprio presidente Bolsonaro. Constam 45 vezes em que eles entraram no Palácio do Planalto e 127 agendas que cumpriram no MEC e no FNDE.