"O País vai parar novamente", diz associação de caminhoneiros após alta nos combustíveis

Reação vem após aumento da gasolina em 5,18%, e de 14,26% para o diesel, válidos a partir deste sábado, 18

18:29 | Jun. 17, 2022

Por: Marcelo Teixeira
O presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido por Chorão, fala sobre possibilidade de haver paralisação após aumento nos combustíveis. (foto: Reprodução/Redes Sociais)

A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) se pronunciou acerca do aumento no preço dos combustíveis, anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira, 17. Por meio de uma nota, a entidade sinalizou a possibilidade de haver uma greve. O documento é assinado pelo presidente da Abrava, Wallace Landim. Ele disse que "a greve é o mais provável”.

A entidade faz críticas a política de preços adotada no governo de Michel Temer (MDB) e continuada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). As regras, criticadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alinham os valores dos combustíveis no Brasil às oscilações do mercado no exterior. “Estamos alertando há muito tempo das consequências dessa política de preços da Petrobras e o caos econômico que ela está causando na sociedade”, declarou.

Os caminhoneiros apontaram sobrecarga com as tarifas do diesel somadas às despesas com as manutenções feitas nos veículos. Os motoristas relatam dificuldades em arcar com os custos, “colocando em risco sua própria vida e a de terceiros". Eles responsabilizam Bolsonaro por não ter “reestruturado” a Petrobras e, em contrapartida, ter preferido dar “chilique”.

“A verdade é que, de uma forma ou de outra, mantendo-se essa política cruel de preços da Petrobras, o país vai parar novamente. Se não for por greve, será pelo fato de se pagar para trabalhar. A greve é o mais provável”, afirmou a entidade, sinalizando a possibilidade de uma paralisação.

A reação vem depois de o Conselho de Administração da Petrobras anunciar aumento percentual da gasolina em 5,18%, e de 14,26% para o diesel, válidos a partir de amanhã, 18. O presidente Bolsonaro criticou o reajuste na manhã desta quinta.

- O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobrás em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais.

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 17, 2022

O mandatário chegou a sugerir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os dirigentes da Petrobras depois do anúncio de um novo reajuste nos preços. “Eu conversei agora há pouco com o Arthur Lira, ele está neste momento se reunindo com líderes partidários, e a ideia nossa é propor uma CPI para investigarmos o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o conselho administrativo e fiscal”, disse em entrevista à rádio 96 FM Natal, nesta sexta-feira.

Bolsonaro acusou os dirigentes da empresa de se preocuparem “apenas com o lucro” e de ignorarem a função social. “Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles, porque é inconcebível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP) pediu que José Mauro Coelho, atual ocupante da Presidência da empresa, renunciasse ao cargo. “Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia!!! Pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo”, escreveu nas redes sociais.

O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente. Não por vontade pessoal minha, mas porque não representa o acionista majoritário da empresa - o Brasil - e, pior, trabalha sistematicamente contra o povo brasileiro na pior crise do país.

— Arthur Lira (@ArthurLira_) June 17, 2022