Indígenas protestam contra Bolsonaro e em defesa de Bruno e Dom Phillips
Eles andaram pelas ruas de Atalaia do Norte, com cartazes contra o presidente Bolsonaro e questionando o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips
17:01 | Jun. 13, 2022
A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que representa sete etnias e defende os indígenas isolados que estão no território do Vale do Javari, realizou uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), contra as invasões às terras indígenas e em defesa do trabalho desenvolvido pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista Dom Phillips, desaparecidos desde o dia 5, após uma incursão pelo rio nas proximidades da terra indígena.
Ao menos 200 indígenas iniciaram os protestos pelas ruas de Atalaia do Norte, até o palco numa praça da cidade. Entre as etnias que habitam no Vale do Javari estão os povos Mayoruna/Matsés, Matis, Marubo, Kulina Pano, Kanamari e dois pequenos grupos: um de indígenas Korubo e outro de Tsohom Dyapá.
As faixas carregadas pelo protesto continham frases de oposição ao governo de Bolsonaro, com questionamentos sobre o paradeiro de Pereira e Phillips e em defesa do território indígena. "Bruno lutou pelo Vale do Javari. Agora o Vale do Javari luta por Bruno, Dom e Maxciel", dizia uma das principais faixas da manifestação. O último nome, Maxciel dos Santos, trabalhava na Funai e foi morto na região em 2019. A suspeita é de que a execução teve relação com a atuação do funcionário contra invasões à terra indígena.
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Com gritos, eles entraram com flechas no prédio da Funai como forma de protesto. "Querem acabar com nossos pirarucus e tracajás, e Bruno nos defendia", disse a cacique Sandra Mayouruna, em sua língua, no palco da praça. "Bolsonaro tem raiva dos povos indígenas, e ele deveria ser presidente de todos os brasileiros."
O cacique Binan Wasá afirmou que o território indígena sofre ameaças de invasões, principalmente de pescadores e caçadores. "Acabaram com a região ao redor, e querem acabar com nosso território”. "Bolsonaro acredita em Deus, em Bíblia. Mas Deus não pensa em mal. Um Deus bom construiu os recursos naturais. Se ele crê, deveria estar cuidando”, continuou em críticas a Bolsonaro.
A lider Koká Matis afirmou que a manifestação é "em homenagem a um grande guerreiro", um "defensor da terra indígena Vale do Javari", se referindo a Pereira. "Somos guerreiros e vamos continuar lutando para defender nosso território”, finalizou.