Velório de Rosa da Fonseca reúne amigos e políticos em Fortaleza
Dentre os presentes estavam a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luíza Fontenele e as vereadoras da Capital Larissa Gaspar (PT) e Adriana Nossa Cara (Psol)
13:49 | Jun. 02, 2022
O velório da ex-vereadora de Fortaleza, ex-presa política e professora Rosa da Fonseca, nesta quinta-feira, 2, contou com a presença de personagens históricos e políticos com mandato na Cidade. Dentre estes estavam a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luíza Fontenele e as vereadoras da Capital Larissa Gaspar (PT) e Adriana Nossa Cara (Psol).
Maria Luíza contou um pouco da relação com Rosa, de quem foi amiga por décadas. “Quando meu pai faleceu, em 1965, eu tinha como companheira a Fátima, que era irmã da Rosa, e foi a família da Rosa que nos acolheu lá”, relata. Ao longo dos anos, Rosa foi sua aluna, e ambas construíram uma ligação tanto afetiva quanto política, principalmente durante o período da ditadura militar. “Eu digo com muito orgulho que vi a minha aluna superar a mestra. Ela dizia que eu estava querendo ‘tirar o corpo de banda’, mas não, era uma forma de destacar o desempenho que ela tinha e sempre teve nessa Cidade”, disse.
A ex-gestora compartilhou um ponto de divergência que tinha com a amiga, com quem destacou ter “sintonia muito forte”. “Sou doente em pontualidade e a Rosa não era muito pontual, mas nós sabíamos driblar esse problema. Lutamos não porque não tínhamos medo, mas porque a coragem é o compromisso de quem quer a humanidade livre”.
Rosa da Fonseca teve importante participação na luta estudantil nos anos de ditadura militar no Brasil. Foi presa política e vítima de tortura antes de fundar, em 1973, o grupo Crítica Radical, no qual militava até então. Ela lutava contra um câncer de ovário.
Para a vereadora Adriana Gerônimo, do mandato coletivo Nossa Cara, o papel de Rosa como precursora de lutas estruturais foi fundamental. “Rosa abriu caminhos para que hoje as mulheres pudessem ter liberdade e condições de sobreviver. Ela é o significado daquela frase: ‘Os nossos passos vêm de longe’, porque na resistência à ditadura, na luta contra as opressões e pela democracia, ela esteve em todos esses momentos”, destaca a parlamentar.
Segundo Adriana, a vida de Rosa deixa um desafio aos que ficam e que militam por causas similares. “Nós que ficamos temos um desafio dobrado, porque ela traduzia todas essas lutas, aglutinava as pessoas ao redor dela, então para nós fica o desafio de manter a semente dela viva para que outras rosas brotem na terra do Nordeste e do Ceará”, concluiu.
A vereadora Larissa Gaspar (PT) reforçou os argumentos dos presentes e disse que apesar de um momento de dor, o legado de Rosa continuará dentro da militância. “A gente resume ela numa frase que é simples, mas simbólica: 'a Rosa é a Rosa’. Deixa muita dor (a morte), mas nossas lutas e caminhadas serão impulsionados pelo que ela fez”, relatou.
Larissa lembrou ainda um Projeto de Decreto Legislativo de sua autoria, apresentado no início de maio, que prevê conceder o título de cidadã fortalezense para Rosa da Fonsêca. O projeto que tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) está aguardando parecer do relator, o vereador Gardel Rolim (PDT).
“Ontem pedi uma celeridade na elaboração do parecer para que a gente possa encaminhar esse projeto. É um reconhecimento que a Cidade deve a ela (Rosa), vereadora, com mandato combativo, atuante e com uma vida dedicada à justiça social e à luta popular. Tenho certeza que a CMFor em breve fará esse reconhecimento”, encerrou Gaspar.
A morte de Rosa gerou repercussão entre políticos, que lamentaram o ocorrido e destacaram a trajetória política e social da militante em publicações nas redes sociais. O velório de Rosa da Fonseca, aberto ao público, ocorre na Funerária Ethernus, em Fortaleza, das 8h às 15h. O sepultamento está previsto para as 16h, no cemitério Parque da Paz.