"Vi a minha aluna superar a mestra", diz ex-prefeita Maria Luíza Fontenele sobre Rosa da Fonsêca

Em entrevista durante velório de Rosa da Fonsêca, Maria contou histórias e momentos importantes da longa amizade entre as duas

12:47 | Jun. 02, 2022

Por: Hellen Queiroz
ROSA E MARIA LUÍZA eram amigas desde os tempos de luta contra a ditadura militar (foto: FERNANDA BARROS)

A ex-prefeita de Fortaleza Maria Luíza Fontenele falou sobre o falecimento da ex-vereadora e integrante do Crítica Radical Rosa da Fonsêca. A primeira mulher prefeita de Fortaleza era amiga de longa data de Rosa, que faleceu nesta quarta-feira, 1°, aos 73 anos, em decorrência de um câncer no ovário.

“Quando meu pai faleceu, em 1965, eu tinha como companheira a Fátima, que era irmã da Rosa, e foi a família da Rosa que nos acolheu lá”, conta Maria Luiza. Ao longo dos anos, Rosa foi sua aluna, e ambas construíram uma ligação tanto afetiva quanto política, principalmente durante a ditadura militar. “Eu digo com muito orgulho que vi a minha aluna superar a mestra. Ela dizia que eu estava querendo ‘tirar o corpo de banda’, mas não, era uma forma de destacar o desempenho que ela tinha e sempre teve nessa cidade”, relata Maria.

Durante a ditadura, Rosa foi presa política, enquanto Maria estava realizando um curso nos Estados Unidos. Quando o reencontro aconteceu, ambas passaram a integrar o Movimento Feminino pela Anistia. A partir disso, a convivência entre elas tornou-se cada vez mais intensa.

Juntas, elas descobriram o valor da mulher em todas as lutas que participaram, inclusive tratando uma delas como uma luta capaz de galvanizar corações e mentes. Reconhecendo a importância da participação feminina, criaram a União de Mulheres Cearenses, em 1979, o que consideraram um passo muito importante. Quando Maria Luíza foi eleita prefeita de Fortaleza, em 1985, Rosa teve papel de destaque na gestão municipal.

Na luta contra o machismo, as ativistas viajaram, por exemplo, à China, para batalhar pelo que acreditavam. “Nós sempre tivemos essa visão ampla e transacional”, conta a ex-prefeita.

Ela acrescenta que sempre houve uma forte sintonia entre as duas. “Um ponto de discórdia é porque eu era doente, aliás, era não, sou doente com pontualidade, e a Rosa não era muito pontual, mas a gente sabia driblar esse problema”, conta.

O velório aberto ocorre na Funerária Ethernus, das 8h às 15h, e o sepultamento está previsto para as 16h, no cemitério Parque da Paz.