Por que Doria desistiu de disputar a Presidência da República? Entenda

A desistência de Doria ocorre após pressão tanto de membros do PSDB como de outros partidos que tentam viabilizar a chamada terceira via para o pleito de outubro

13:15 | Mai. 23, 2022

Por: Vítor Magalhães
João Doria, ex-governador de São Paulo (foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ex-governador de São Paulo João Dória (PSDB) anunciou nesta segunda-feira, 23, que não irá concorrer à Presidência da República. A desistência foi feita durante pronunciamento em transmissão ao vivo realizada na capital paulista.

"Hoje, neste 23 de maio, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. O PSDB saberá tomar a melhor posição para as eleições (...) Me retiro da disputa com o coração ferido, mas a alma leve. Saio como entrei na política, repleto de ideias e com a alma cheia", declarou o tucano que não anunciou se concorrerá a outro cargo.

A desistência de Doria ocorre após pressão tanto de membros do PSDB como de outros partidos que tentam viabilizar a chamada terceira via para o pleito de outubro. Nesta semana, o PSDB deve anunciar os novos rumos do partido, já especula-se que a sigla apoiará a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB).

Desde que venceu as prévias do PSDB, em novembro do ano passado, Dória não conseguiu reagir nas pesquisas, obtendo entre 2% e 4% das intenções de voto em boa parte dos levantamentos. Ele aparece atrás de Bolsonaro, Lula e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). A avaliação da cúpula do PSDB é de que não existe tempo hábil para a pré-candidatura decolar e que ele tem dificuldade em unificar a legenda.

Ao longo das últimas semanas, o ex-governador reforçou que não iria desistir da disputa e denunciou o que classificou de tentativa de "golpe" dentro do PSDB. Em carta, ele cobrou respeito ao resultado das prévias. A defesa do ex-governador também ameaçou ir à Justiça Eleitoral caso seu nome fosse rifado.

Sem Dória na corrida eleitoral, dois nomes se beneficiam nesse novo contexto: o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) e a senadora Simone Tebet (MDB). Parte da cúpula tucana defende apoio à emedebista, enquanto outra parcela de tucanos insiste que o PSDB precisa ter candidatura própria em outubro.

O agora ex-presidenciável se emocionou durante o discurso, que disse vir do fundo da alma e do coração. Ele narrou parte da sua própria trajetória política com vitórias recentes em prévias e eleições na prefeitura de São Paulo e no governo de São Paulo. Doria também venceu as prévias do PSDB para a disputa presidencial em novembro do ano passado.