Aécio defende candidatura própria do PSDB e diz que sigla 'nunca teve dono'
Adversário do ex-governador de São Paulo João Doria, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) disse nesta segunda-feira, 23, que "o PSDB nunca teve dono" e defendeu a unidade do partido, hoje no centro de sua maior crise. Aécio tem feito articulações para impedir que o PSDB apoie a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à sucessão do presidente Jair Bolsonaro.
"É hora de aproveitarmos esses últimos acontecimentos para reconstruirmos a unidade do PSDB em torno do único caminho que permitirá que o partido continue a cumprir sua trajetória em defesa do Brasil, ou seja, com uma candidatura própria à Presidência da República", afirmou Aécio.
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Nos bastidores, até tucanos afirmam que os movimentos do deputado são feitos para beneficiar Bolsonaro, mas ele nega. "Continuo defendendo, como sempre fiz, que tenhamos candidatura própria", insistiu o deputado.
Sem citar suas divergências com Doria, que já tentou expulsá-lo do partido, Aécio disse que, após a desistência do ex-governador, o PSDB está em condições de "analisar outros nomes" do próprio partido. Defensor do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite nas prévias do ano passado, Aécio avalia agora que ou o gaúcho ou o senador Tasso Jereissati (CE) podem ser candidatos.
A cúpula do PSDB cancelou a reunião que estava marcada para esta terça-feira, 24, em Brasília, após Aécio e seu grupo fazerem pressão contra o apoio a Simone. Na semana passada, os presidentes do PSDB, MDB e Cidadania decidiram respaldar a pré-candidatura da senadora ao Palácio do Planalto, antes mesmo da desistência de Doria, mas agora enfrentam divergências.
"Lamento que a reunião da Executiva Nacional tenha sido adiada", afirmou Aécio. "Espero que possamos nos reunir o mais rapidamente possível para debatermos de forma clara e democrática os caminhos para o nosso futuro. O PSDB nunca teve dono e não será agora, nesse momento grave da vida nacional, que terá", completou, insinuando que a queda de braço pode continuar por algum tempo.
As convenções dos partidos para homologar as candidaturas devem ser realizadas entre julho e agosto. Tanto o PSDB quanto o MDB estão divididos. Uma ala do tucanato acha que é possível uma composição tendo Tasso ou Leite como vices em chapa liderada por Simone, mas as negociações, até agora, terminaram em impasse. O problema é que o nome da senadora não é consenso nem no MDB: há no partido um grupo que quer se aliar ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outro, a Bolsonaro.
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