Ciro Gomes e Gregório Duvivier trocam farpas durante debate; Bolsonaro ironiza

Após um início com elogios de ambas as partes, diálogo evoluiu para troca de acusações e críticas. Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou a conversa entre o pedetista e o humorista

O debate entre o presidenciável e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o apresentador e humorista Gregório Duvivier, realizado na última sexta-feira, 20, nas redes sociais repercutiu nas plataformas digitais. Após um início com elogios, a discussão evoluiu para uma troca de críticas, acusações e queixas de parte a parte.

O debate ocorreu uma semana após a exibição do programa Greg News, da HBO, no qual Duvivier pediu a eleitores de Ciro que votassem no ex-presidente Lula (PT) ainda no primeiro turno das eleições de 2022. O pedido ocorreu sob o argumento de que é preciso “salvar a democracia”, pois na avaliação do humorista há um eventual risco de ruptura democrática caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegue ao 2° turno e perca a eleição.

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A fala gerou reação de Ciro, que na mesma semana convidou Gregório para o debate e posteriormente fez críticas a ele, alegando que o humorista teria “síndrome de Zelensky”, em referência ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que antes de ser político era comediante.

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O debate

Após iniciar sua fala com elogio, Ciro questionou Gregório se ele acreditava que a candidatura do pedetista seria uma ameaça à democracia. O humorista respondeu que nunca havia feito tal afirmação e a tratou como “primeiro erro factual” de Ciro na conversa.

O apresentador comentou falas anteriores de Ciro críticas a ele e negou intenção de entrar na política. “Não sou candidato a nada e entendo que você queira fazer isso, porque como nenhum candidato quer debater, você chama um humorista para o debate e trata como candidato”, disse.

Em outro momento, Duvivier acusou o pré-candidato de chamá-lo de "baixinho e maconheiro", durante sua última live na terça-feira, 17. Fala imediatamente contestada por Ciro, que negou a autoria e alegou se tratar de mentira.

“Eu jamais te chamei de baixinho maconheiro. Eu te admiro, cara”, disse o pedetista. O presidenciável sugeriu que Duvivier estaria desinformado e pediu que ele demitisse assessores publicamente por supostamente terem lhe deixado mal informado.

Em outro momento o pedetista diz que Gregório estava fazendo “jogada ensaiada" ao dizer que acha errado chamar Lula de corrupto por ter sido inocentado em processos dos quais era alvo.

“Isso é mentira do PT, ele teve os processos anulados e voltou à presunção de inocência, mas não foi inocentado (...) Eu acho que você está fazendo uma jogada ensaiada, acho que tem papéis na sua mesa e pessoas falando para você dizer isso agora”.

Gregório então pegou a câmera que transmitia em sua casa e mostrou a mesa, vazia, e disse que não havia ninguém no recinto além dele. Em diversos momentos do debate, realizado de maneira virtual, o humorista foi interrompido por Ciro que o impediu de concluir ou iniciar alguns raciocínios.

O apresentador chegou a dizer que Ciro é “chato para caramba”, que chama a pessoa para debater e não deixa ela falar. “Você tem debatido sozinho, briga com a sombra”, declarou em dado momento do diálogo.

Durante o debate, Ciro criticou Lula e atribuiu ao petista termos como “corrupto”. Duvivier rebateu afirmando que para Ciro: "Tudo é Lula." O humorista havia iniciado a participação no debate falando que é crítico ao ex-presidente petista, embora entenda que ele seja a opção mais viável para derrotar Bolsonaro.

Duvivier voltou a defender o argumento de que acha muito difícil que Bolsonaro consiga implementar um golpe se perder no primeiro turno, “porque tem que invalidar a eleição de 513 deputados e outros 20 e tantos governadores”. Ciro pediu aparte e contra-argumentou.

“É uma viagem imaginar que Bolsonaro está preocupado em fazer golpe no primeiro ou segundo turno. Se Lula ganhar por 50 e um pentelho, Bolsonaro terá todas as razões mentirosas para crescer a tentativa de golpe, porque Lula nunca ganhou no primeiro turno, nem no auge da popularidade dele, nem na reeleição. (...) Vamos devagarinho”, pediu.

Ao final do debate, Ciro voltou a reforçar elogios a Gregório, de quem disse ser fã embora tenha enfatizado as discordâncias na política. O ex-ministro voltou a criticar o PT antes de finalizar sua transmissão ao vivo e defendeu uma renovação a partir de uma nova corrente.

Bolsonaristas ironizam

Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou o debate entre Ciro e Duvivier ao publicar uma montagem que o mostrava assistindo uma televisão.

Na tela havia sido sobreposta uma captura de tela do debate. Embora Bolsonaro não tenha escrito legenda na publicação, o tom de ironia ficou claro nos comentários de apoiadores do presidente.

Um perfil comentou a postagem de Bolsonaro alegando que está cada vez mais difícil não gostar de Ciro. Junto ao comentário estava um corte da transmissão no qual Ciro diz que Lula não foi inocentado e que o PT está mentindo sobre a inocência do ex-presidente.

O Gregório: 'acho errado chamar o Lula de corrupto já que ele foi inocentado'. Aí vem o Ciro e joga a verdade na cara", escreveu a deputada federal bolsonarista Bia Kicis repostando o mesmo trecho.

 

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