Associações militares informam perda de associados após motim de 2020

Representantes da Associação dos Profissionais de Segurança (APS) e Associação das Praças no Estado do Ceará (Aspra) confiraram à CPI do Motim a baixa nos seus quadros

17:28 | Abr. 26, 2022

Por: Filipe Pereira
Policiais militares durante o motim no Ceará, no 18ª Batalhão, em fevereiro de 2020 (foto: FCO FONTENELE/O POVO)

Associações que representam profissionais da Segurança Pública do Ceará informam ter perdido número considerável de associados após as paralisações de policiais militares em 2020 no Estado. Representantes da Associação dos Profissionais de Segurança (APS) e Associação das Praças no Estado do Ceará (Aspra) confirmaram as desfiliações à CPI do Motim, em curso na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE).

No primeiro depoimento, em 5 de abril, a CPI ouviu Cleyber Barbosa Araújo, presidente APS. Durante a oitiva, o militar apresentou documento ao colegiado com a evolução do número de associados ativos em 10 anos, de 2012 até 2022. Em 2019, a associação atingiu seu auge de integrantes, totalizando 9,7 mil pessoas. O cenário, no entanto, foi de queda considerável para o ano seguinte, quando a APS
contabilizou 9.179 associados, perdendo 792 pessoas. Em 2021, o número era ainda menor: 8.189. Eram 1.603 sócios a menos que antes do motim.

No período de fevereiro de 2020 a março de 2021 ocorreram 1.044 desfiliações da APS. O período foi marcado pela paralisação e as punições subsequentes. Em 2022, houve aumento em relação ao ano anterior, chegando a 8.268 associados.

Confira: 

2013 - 1498 associados

2014 - 2.917 associados

2015 - 4.690 associados

2016 - 6.174 associados

2017 - 7.600 associados

2018 - 9.009 associados

2019 - 9.792 associados

2020 - 9.179 associados

2021 - 8.189 associados

2022 - 8.268 associados

*Dados da Associação dos Profissionais de Segurança (APS)

Nesta terça-feira, 26, o presidente da Associação das Praças no Estado do Ceará (Aspra), sargento Clébio Eliziano, afirmou em depoimento à CPI que a entidade também teve baixas. O militar informou a perda de quase mil associados após a entidade se negar a participar do motim de policiais militares em 2020. Ele reforçou ao colegiado que, na época, a instituição continuou as atividades, mas manifestou pública contrariedade ao movimento de PMs que começou após as negociações entre a categoria e o Governo do Ceará sobre reformulação salarial para a categoria.

"Foram inúmeras mensagens criticando a associação. Nós respeitamos a opinião do associado, mas nós perdemos muitos associados. Cerca de quase mil associados, e nós sabíamos o que estavam passando, mas a associação, uma das mais antigas do nosso Estado, a gente sempre conversando com a nossa diretoria e acompanhando e à disposição da Justiça", disse o depoente, após questionamento do relator da comissão, deputado Elmano de Freitas (PT). 

O motim da PM teve início na tarde do dia 18 de fevereiro de 2020 e se prolongou até 1º de março. A paralisação tinha como justificativa pedido de reajuste salarial para os militares. Um acordo de reajuste chegou a ser firmado com representantes da categoria, mas os militares não aceitaram a proposta e deram prosseguimento ao movimento paredista, proibido pela Constituição Federal.

Até o momento, todos os agentes punidos pela decisão são soldados. Devido ao movimento paredista, 15 agentes foram excluídos da Polícia Militar e outros 14 policiais sofreram sanções disciplinares de permanência. No dia 21 de março, cinco PMs cearenses foram expulsos da corporação, de acordo com decisão publicada pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) na edição do Diário Oficial do Estado (DOE).