"Não tinha decisão mais importante que não passasse pelo crivo do Capitão Wagner", diz PM

O cabo da PM, Elton Regis do Nascimento, pediu para depor antecipadamente, nesta terça-feira, 19, após relatar ter sofrido ameaça em carta

18:42 | Abr. 19, 2022

Por: Filipe Pereira
O militar e depoente da CPI do Motim, Elton Regis do Nascimento, nesta terça-feira, 19, durante sua oitiva (foto: Reprodução)

O policial militar Elton Regis do Nascimento, em depoimento nesta terça-feira, 19, à CPI do Motim, afirmou que todas as decisões da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), investigada pela comissão, passavam pela avaliação do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), pré-candidato ao governo estadual. O cabo da Polícia Militar criticou a instituição da qual fazia parte e disse haver uma "Santíssima Trindade" dentro da APS, que envolve também o deputado estadual Soldado Noelio (UB) e o vereador Sargento Reginauro (UB).

"Eu sempre me referi a determinadas pessoas, normalmente tinham três pessoas na frente que muitas vezes a decisão já era tomada, a diretoria só era comunicada. Então, eu me referia a certos personagens que tinham essa decisão como Santíssima Trindade. Por quê? Porque eram pessoas que decidiam as coisas e simplesmente tinha apenas que acatar (...)", afirmou o depoente.

Questionado pelo relator da comissão, deputado Elmano de Freitas, Elton citou nomes: "Teve momento de mudança né, então em determinado momento, quando o Capitão Wagner foi presidente, era ele, Sargento Reginauro, Soldado Noelio, às vezes com a participação Cleyber Araújo", comentou. Com a saída de Wagner, Elton apontou ainda grande participação do policial militar David Barbosa.

No entanto, o depoente voltou a citar Wagner como um grande agente indireto das principais decisões da associação de policiais. "Assim, não tinha decisão mais importantes dentro da diretoria que não passasse pelo crivo do Capitão Wagner. Muitas vezes ele disse: 'Não, eu não quero interferir', mas a gente sabia que havia essa consulta", narrou.

Convidado pela comissão para depor nas próximas semanas, Nascimento pediu para falar nesta terça-feira, após relatar ter sido ameaçado em carta. Os deputados foram consultados da possibilidade e aprovaram a antecipação.