Presidente de associação de PMs diz que R$ 2,3 milhões em saques são para despesas da entidade
O presidente da APS reconheceu a ilegalidade de greves dos agentes de segurança pública, mas destacou trecho da legislação que pede mediação do poder público em casos de mediações solicitadas pela classe da segurança públicaO policial Cleyber Barbosa Araújo, presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), afirmou, durante depoimento na CPI do Motim, nesta terça-feira, 5, que a instituição não teve qualquer participação com o movimento dos PMs realizado em 2020 no Ceará. Ele é o primeiro depoente a ser ouvido pela comissão, relatada pelo deputado Elmano de Freitas (PT). Ele justificou os R$ 2,3 milhões em saques em espécie realizados pela entidade em cinco anos.
"Esses valores são para custear despesas operacionais de uma associação. Qualquer pai de família hoje tem dinheiro em espécie para poder movimentar, pagar despesas. A gente paga lá despesas médicas, de saúde, de seus associados. Alimentação. São mais de 37 colaboradores que se alimentam lá. Não é só almoço, é café da manhã. E também envolve associados. Tem um hotel de trânsito lá. Tem aquisição de equipamentos. Uma parte desse dinheiro era todo feito esses pagamentos, uma parte, em espécie. Até pela questão da própria situação. Nenhum diretor financeiro da associação ficava à disposição. Inclusive até hoje nenhum nunca ficou à disposição. Então, se você está trabalhando dentro de uma viatura, não tem como você movimentar, operacionalizar qualquer tipo de movimentação financeira. Então, os saques eram para deixar o dinheiro à disposição da associação, do setor administrativo financeiro, para efetuar algum tipo de pagamento."
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Segundo ele, há registros desses pagamentos. "Todos esses pagamentos, toda essa movimentação financeira, consta em livro a razão, Tanto a entrada como a saída. Já foi enviada essa documentação para a CPI, para o Ministério Público", argumentou.
"Acredito que através do meu depoimento a gente conseguiu comprovar que a associação, ela não motivou, ela não financiou, ela não participou, inclusive há documentos e decisões da própria Justiça que comprovam que a associação de nenhuma forma participou direto ou indiretamente de qualquer movimento de 2020", defendeu Cleyber.
O PM reconheceu ser ilegal qualquer greve de policiais e afirmou que o movimento de 2020 foi reivindicatório. Ele defendeu ter buscado "diversas formas os poderes do Estado para dialogar, mediar e vocalizar os interesses da categoria".
"Tem um dispositivo no STF que ele retrata duas situações. A Primeiro é que nenhum agente de segurança pública pode fazer greve e o segundo é que é obrigatório a participação do poder público em mediação instaurada pelo órgãos classistas das carreiras de segurança pública", destacou.