Qual o impacto da saída de Sergio Moro da disputa pela Presidência da República?
A tendência, segundo especialista, é que os votos do ex-juiz agora sejam disputados por João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT)O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro anunciou nesta quinta-feira , 31, que desistiu de se candidatar à Presidência da República no pleito deste ano. Em nota, ele informou que aceitou convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para se filiar ao partido.
Para o cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, a decisão de Moro de retirar sua candidatura e mudar de partido trará ao ex-juiz viabilidade política e eleitoral bem mais segura do que a disputa pela Presidência da República. Segundo ele, dos três nomes da chamada terceira via, o ex-ministro era o que menos tinha experiência administrativa quando comparado com Ciro Gomes (PDT) e João Dória (PSDB).
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"Me parece que a decisão do Sérgio Moro é uma decisão politicamente acertada para ele no sentido de que a disputa por uma vaga como deputado federal lhe garantiria uma viabilidade política, até porque assim ele ganha experiência e traquejo no meio político. Obviamente que o tema preponderante de domínio dele é a questão da segurança e especialmente aquilo que o tornou um ícone na Lava Jato, que é o combate à corrupção", destaca o cientista.
"O Moro fez todo o movimento de construir uma possível candidatura com aconselhamento tanto de políticos como pastores, buscou aí dialogar, fazer viagens, mas ainda falta traquejo político, falta experiência numa seara em que os improvisos podem custar caro", completa Prando.
Agora, segundo o professor, as candidaturas entram em fase de afunilamento, o que abre possibilidade, por exemplo, de um eventual apoio de Moro ao governador de São Paulo, trazendo para a campanha de João Doria parte do percentual de votos que ele concentrava. Então talvez ele [Moro] consiga ir junto com o Doria, que é um comunicador por formação, jornalista, se comunica com esse eleitorado lavajatista", analisa.
A tendência, segundo Prando, é que os votos do ex-juiz agora sejam disputados por Doria e Ciro. "Ambos, obviamente, devem comunicar suas qualidades a fim de ampliar o debate e, durante a campanha, tentar avançar neste terreno que é um terreno que hoje é dominado por posições mais extremistas e populistas, seja o lulopetismo ou o bolsonarismo, o que não é fácil pra ninguém", finaliza.