Entenda como a guerra entre Rússia e Ucrânia afeta o Brasil

Prestes a completar um mês, a guerra entre Rússia e Ucrânia provoca consequências econômicas, políticas e humanitárias pelo mundo. No Brasil, não é diferente

13:23 | Mar. 18, 2022

Por: Vítor Magalhães
Guerra entre Rússia e Ucrânia: fumaça em Kiev (foto: ARIS MESSINIS / AFP)

 A Guerra entre Rússia e Ucrânia, que está prestes a completar um mês no próximo dia 24, impacta países e economias em todo o planeta, interferindo no andamento da inflação global e no já complicado processo de retomada econômica pós-pandemia.

No caso do Brasil não é diferente. O impacto relacionado à alta dos combustíveis, que puxa elevação em outros setores, já foi sentido pelo Brasil e pode ser ampliado a depender da guerra.

Economia

Os derivados do petróleo, combustíveis e gás de cozinha, por exemplo, já sofreram aumentos significativos nas últimas semanas em meio à escalada de preços no mercado internacional. No início deste mês, o preço do barril de petróleo tipo brent, referência no mercado, registrou seu maior patamar desde 2014, superando a casa dos US$ 110.

Os preços dos alimentos, como o pão francês, também são afetados pela guerra. Rússia e Ucrânia são, respectivamente, a primeira e quarta maiores produtoras de trigo no mundo, o que por si só afeta o valor do trigo que já vinha em alta e só se elevou desde o início da guerra.

Embora a Argentina, maior exportador de trigo para o País, já tenha sinalizado que pode suprir toda a demanda brasileira, ao menos em curto prazo, o preço do produto deve sofrer alterações.

Há ainda a questão dos fertilizantes, que também são afetados pelo petróleo em alta e dos quais a Rússia é o maior produtor mundial. O Brasil compra cerca de 20% de seus fertilizantes do mercado russo.

Sabendo disso, o País busca alternativas em outros mercados para diminuir a dependência dos russos, que não sinalizaram recuos na guerra e continuam sofrendo sanções quase que diariamente.

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Cobrança internacional

O Brasil também passou a ser cobrado, internacionalmente, por uma postura mais firme de condenação da invasão russa ao território ucraniano. Embora a diplomacia brasileira tenha votado de modo a condenar a ação em instâncias internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro (PL) continua a adotar uma postura que classifica como de "neutralidade".

O presidente chegou a viajar à Rússia, em fevereiro, dias antes do início do conflito. Na ocasião, ele disse que o Brasil era “solidário” aos russos, mas não especificou o assunto ao qual essa solidariedade se estendia.

Analistas internacionais ouvidos pelo O POVO, em reportagens recentes sobre o tema, avaliaram que uma forma de reduzir eventuais impactos negativos na imagem internacional do Brasil seria o presidente Bolsonaro realizar uma visita à Ucrânia ou conversar com autoridades ucranianas, o que não ocorreu antes do conflito e dificilmente ocorrerá com o mesmo em andamento.

Apesar disso, nesta semana, Bolsonaro falou sobre a possibilidade da continuidade da guerra e seus desdobramentos acarretarem insegurança alimentar no Brasil e no mundo.

“Ficamos sem gasolina, sem zap, sem Corinthians, sem Palmeiras, sem um montão de coisas, mas não ficamos sem comida. Se essa guerra se aprofundar, se medidas drásticas começarem a ser adotadas de um lado ou de outro, faltarão coisas básicas para nós” disse Bolsonaro.

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Refugiados

A guerra na Ucrânia provoca uma nova onda de refugiados na Europa, um problema cíclico que o continente enfrenta, mas que geralmente é tratado de modo distinto por serem os refugiados de locais do Oriente Médio e do Norte da África, por exemplo.

No caso dos ucranianos, países mais ao Leste como Polônia, que recebe a maior parte dos refugiados, Romênia, Moldávia, Estônia, dentre outros são os que sofrem os impactos mais imediatos.

No entanto, já há refugiados ucranianos em solo brasileiro. Nesta sexta-feira, o Global Kingdom Partnership Network, grupo composto por missionários cristãos, concluiu uma ação que trouxe ao Brasil um grupo de cerca de 30 ucranianos; mais da metade destes são crianças. Neste mês, o governo brasileiro já havia se comprometido a auxiliar os refugiados com medidas como a concessão de vistos humanitários.

No último dia 10 de março, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que havia viajado até a Polônia, retornou com cidadãos brasileiros, ucranianos e de outras nacionalidades que fugiam da guerra. A aeronave KC-390 Millennium trouxe para o Brasil 42 brasileiros, 20 ucranianos, cinco argentinos e um colombiano.

Destes, 14 eram crianças. Ao menos oito cachorros e dois gatos também embarcaram no avião que retornou ao Brasil.

Além disso, diversos jogadores de futebol brasileiros que atuavam na Ucrânia, uma das portas de entrada de brasileiros no futebol europeu, já retornaram ao Brasil após enfrentarem dificuldades em deixar o território ucraniano por conta de limitações de mobilidade.

A crise na Ucrânia já deixou, pelo menos, 3 milhões de refugiados em pouco mais de três semanas. Números que não eram vistos, tão rapidamente, desde a Segunda Guerra Mundial que provocou êxodos em massa na Europa. Entidades internacionais avaliam que o número pode chegar a cinco milhões caso os conflitos se prolonguem.

Com informações da Agência Brasil.