Bolsonaro, que repudiou fala de Arthur do Val, tem longo histórico de falas sexistas; relembre
Presidente, que coleciona declarações machistas, classificou a fala do deputado Arthur do Val sobre ucranianas como "asquerosa"O presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou pela primeira vez sobre áudio vazado do ex-aliado, o deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), também conhecido como "Mamãe Falei". Para o chefe do Executivo federal, as falas machistas sobre mulheres ucranianas são asquerosas e não merecem comentário.
“É tão asquerosa que nem merece comentário”, disse o presidente à CNN Brasil, na chegada ao Palácio da Alvorada na tarde de domingo.
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O próprio Jair Bolsonaro, no entanto, tem histórico de falas machistas, sendo algumas delas responsáveis por alavancar sua popularidade junto à mídia.
Um dos episódios mais famosos foi o ataque à deputada Maria do Rosário (PT-RS), no ano de 2014. "Fica aí, Maria do Rosário [PT-RS], fica. Há poucos dias tu me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fica aqui para ouvir", afirmou o então deputado Jair Bolsonaro em 2014, em discurso no plenário da Câmara. A fala culminou em uma condenação de R$ 10 mil.
O episódio mais recente, todavia, aconteceu há alguns meses. Durante passagem pelo litoral de São Paulo, em dezembro de 2021, o presidente apareceu em vídeo dançando ao som de um funk com letra misógina e homofóbica. No vídeo, Bolsonaro aparece contente, embalado pelo “Proibidão do Bolsonaro”, paródia do hit “Baile de Favela”, que compara mulheres de esquerda a cadelas e oferece a feministas “ração na tigela”.
O fato foi só mais um na lista do chefe do Executivo. Em seu primeiro ano como presidente, Bolsonaro chegou a defender o turismo sexual no Brasil. Durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, em 2019, ele disse que se alguém “quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”.
Ele comentava o boicote contra uma homenagem ao presidente brasileiro pelo Museu Americano de História Natural de Nova York, uma tradição que foi quebrada quando ele assumiu a presidência e foi chamado por políticos americanos de racista e homofóbico. “O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay”, ele declarou.
Também na presidência, Bolsonaro, que já estimulava o ódio à imprensa durante a campanha, revelou sua predileção em atacar jornalistas mulheres. Em 2020, ele insultou a repórter da Folha de São Paulo Patrícia Campos Mello, em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada. "Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]."
Os ataques, todavia, não pararam por aí. No ano passado, senadores da CPI da Pandemia usaram o espaço da comissão para repudiar um ataque verbal do presidente à jornalista da CNN Daniela Lima. A agressão ocorreu em frente ao Palácio do Alvorada, quando, em conversa com apoiadores, Bolsonaro se referiu à jornalista como “quadrúpede”. O episódio abriu discussão sobre o trato do mandatário com jornalistas mulheres.
Em 2012, Bolsonaro chegou a admitir já ter dado “sopapos” em uma mulher durante uma entrevista ao programa CQC, da TV Bandeirantes. A justificativa para a agressão: “Eu era garoto em Eldorado, uma garota forçou a barra para cima de mim”.
Há cinco anos, quando já era tratado como pré-candidato, o presidente tentava descontrair a plateia da Hebraica, no Rio de Janeiro, quando soltou outra piada de cunho machista de seu repertório. Falando sobre sua família ele insinuou que sua única filha, Laura, de 11 anos, seria fruto de uma “fraquejada”, ao contrário dos filhos homens. “Foram quatro homens, na quinta, dei uma fraquejada e veio uma mulher”, afirmou, sob risos da plateia.
Bolsonaro já criticou projetos que visavam proibir discriminação salarial contra mulheres, e punir a infração com multa. Na ocasião, ele sugeriu que se tornaria “quase impossível” para mulheres conseguirem emprego. Como deputado, ele já sustentou que seria compreensível que empregadores deixassem de contratar mulheres para não arcar com custos de licença-maternidade e equiparação salarial.
"Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? 'Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade. (...) Por isso que o cara paga menos para a mulher. (...) Eu sou um liberal, se eu quero empregar você na minha empresa ganhando R$ 2 mil por mês e a dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu.", afirmou Bolsonaro em 2014, em entrevista ao jornal Zero Hora.
Dois anos depois, em 2016, Bolsonaro repetiu o raciocínio em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, na RedeTV!: "Eu não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente".
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