Campanha de Bolsonaro deve se apoiar em Michelle para diminuir rejeição feminina

A avaliação do núcleo que define a estratégia eleitoral de Bolsonaro é a de que Michelle é carismática e pode ajudar a humanizar a imagem do chefe do Executivo

18:56 | Mar. 07, 2022

Por: Maria Eduarda Pessoa
(EVARISTO SA / AFP) (foto: EVARISTO SA / AFP)

Diante da alta rejeição de Jair Bolsonaro (PL) entre o eleitorado feminino, a campanha do presidente passou a defender maior participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na corrida em busca da reeleição. A informação é da Folha de São Paulo.

A avaliação do núcleo que define a estratégia eleitoral de Bolsonaro é a de que Michelle é carismática e pode ajudar a humanizar a imagem do chefe do Executivo, que conta com a rejeição de 61% das mulheres, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha.

De acordo com o mesmo levantamento, 55% da população feminina avalia o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo.

A campanha do presidente conclui que Michelle é articulada e agrega positivamente à imagem de Bolsonaro. Segundo interlocutores, ela teria se mostrado disposta a ter um papel mais atuante na disputa. Líderes do PL, inclusive, gostariam de filiar a primeira-dama, mas ela não demonstrou estar à disposição.

O plano é aproveitar o potencial da primeira-dama tanto em viagens ao lado do mandatário como nas propagandas partidárias que serão exibidas.

Ativa nas redes sociais, Michelle tem tido papel discreto no governo, mas atua em projetos de caridade e é militante da causa de doenças raras. Na última semana, no Palácio do Planalto, participou de um evento sobre o tema.

Nesse domingo, 6, ela saiu para correr em área pública, perto do Palácio da Alvorada, e se deixou ser fotografada.

Evangélica da Igreja Batista Atitude de Brasília, a primeira-dama teve papel importante na indicação e aprovação de André Mendonça para a vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo relatos, Michelle inclusive foi essencial para garantir que o presidente não cedesse às pressões e mantivesse a indicação de Mendonça à vaga.

No ano passado, após ter o nome aprovado pelos senadores depois de longa espera de cerca de quatro meses, a imagem de comemoração de Michelle, falando "a língua dos anjos", acompanhada pelo ministro, sua família e parlamentares, foi amplamente compartilhada nas redes sociais.

Também no quesito pandemia, a primeira-dama tem uma postura que difere do marido e pode ajudá-lo com o eleitorado feminino. Enquanto Bolsonaro sempre falou contra o uso de máscaras, Michelle faz uso do equipamento de proteção em eventos no Palácio do Planalto e em viagens oficiais. Além disso, a primeira-dama se vacinou, ao contrário do marido.

Nesta segunda-feira, 7, Bolsonaro, por sua vez, enviou acenos ao eleitorado feminino. Primeiro, condenou os áudios sexistas de autoria do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP). 

"Um deputado estadual de São Paulo vai agora para a Ucrânia, que está em guerra, numa situação um pouco semelhante à da Venezuela; e vai lá para dizer que as mulheres pobres são fáceis. É uma coisa terrível", disse Bolsonaro nesta segunda, durante entrevista a uma rádio de Roraima. "Uma coisa que não tem adjetivo para classificar o que esse parlamentar foi fazer lá."

O presidente anunciou ainda três eventos alusivos ao Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça, 8. Bolsonaro disse que inicia o dia numa cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, seguido por um café da manhã com mulheres, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).

Depois, haverá um ato pelo Dia da Mulher no Planalto. "E às 15 horas um evento, um encontro com mais de uma centena de pastores lá no [Palácio da] Alvorada. Vamos discutir, conversar, o que era o Brasil até há pouco tempo e o que é hoje em dia no tocante à família", disse Bolsonaro.