Quem é Vladimir Putin, presidente russo que ordenou invasão à Ucrânia

Putin anunciou nesta quarta-feira, 24, uma "operação militar" na região de Donbas, no leste da Ucrânia

19:19 | Fev. 24, 2022

Por: Maria Eduarda Pessoa
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma operação militar na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 e pediu aos soldados que deponham as armas, desafiando a indignação ocidental e os apelos globais para não iniciar uma guerra. (foto: Átila KISBENEDEK / AFP)

Vladimir Vladimirovitch Putin, de 69 anos, se tornou presidente da Rússia em 2000, após a renúncia de Boris Yeltsin, e se mantém no poder há mais de 20 anos após diversas manobras; sua última investida autoritária foi no ano passado, quando sancionou uma lei que permite que ele concorra a mais dois mandatos depois do fim de sua atual gestão, em 2024. Com isso, o líder na Rússia poderá ficar no poder até 2036.

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Na última segunda-feira, 21, Putin ordenou a invasão de tropas na Ucrânia após duas regiões declararem separação. Nesta quinta, começou a operação de invasão do país vizinho, com explosões e movimentação militar em diferentes cidades.

Putin nasceu em uma família operária da periferia de Leningrado, atual São Petersburgo, em 7 de outubro de 1952. Recém-graduado no curso de Direito, ele entrou para o treinamento da KGB, o serviço secreto russo, em 1975.

O líder russo iniciou a vida pública em 1994, como vice-prefeito da cidade de São Petersburgo. Em 16 de agosto de 1999, foi escolhido primeiro-ministro do então presidente Boris Yeltsin. Já em 2000, após a renúncia de Boris Yeltsin, Vladimir Putin assumiu a presidência russa.

O novo premiê, que até então era o chefe do serviço de espionagem russo FSB - o substituto da KGB -, era desconhecido do público. Com imensa rapidez, porém, Putin alcançou alta popularidade e ganhou a confiança de Yeltsin.

Na política, perseguiu adversários e criou um novo conceito de "democracia russa".  Durante pronunciamento anual ao Parlamento, em 25 de abril de 2005, Putin disse que o colapso da União Soviética havia sido "a maior catástrofe geopolítica" do século 20.

Ele defendeu que a dissolução da grande potência "deixou dezenas de milhões de russos fora da Federação Russa" e disse que o futuro da Rússia passava pela democracia. Putin deixou claro, no entanto, que a democracia em seu país seria peculiar. Segundo ele, a Rússia "vai decidir por si mesma o ritmo, os termos e as condições do movimento em direção à democracia".

Com Putin no poder, o modelo político russo passou a ser descrito por muitos como "democracia administrada". Esse conceito costuma ser aplicado a países que mantêm formalmente uma estrutura democrática - além das eleições, têm um Judiciário e uma imprensa independentes -, mas que, na prática, vivem numa realidade autoritária. 

Em 2004, o líder máximo da Rússia conseguiu se reeleger e ficou mais quatro anos no poder. Por não poder exercer mais de dois mandatos consecutivos, Putin cedeu o Kremlin a seu primeiro-ministro Dmitri Medvedev. Em 2012, foi eleito presidente no primeiro turno para um mandato de seis anos. A eleição foi marcada por manifestações da oposição.

O presidente da Rússia foi reeleito nas eleições de 18 de março de 2018, com ampla vantagem em relação aos seus adversários. Ele registrou mais de 76% dos votos e teve mais de 56 milhões de votos, número que supera seu recorde de 2004.

Em 2021, Putin sancionou uma lei que permite que ele concorra a mais dois mandatos depois do fim de sua atual gestão, em 2024. Com isso, o líder na Rússia poderá ficar no poder até 2036.

Em 21 de fevereiro de 2022, Vladimir Putin anunciou que reconhece duas regiões separatistas da Ucrânia, Luhansk e Donetsk, como independentes.

O passo agravou a tensão entre Rússia e Ucrânia, crise que começou com a intenção ucraniana de entrar para a OTAN - aliança liderada pelos EUA.

Nesta quarta-feira, 24, em pronunciamento televisionado às 05h55 (horário de Moscou), Putin anunciou uma "operação militar" na região de Donbas, no leste da Ucrânia. O líder disse que a Rússia estava intervindo como um ato de legítima defesa. Segundo ele, a Rússia não queria ocupar a Ucrânia, mas iria desmilitarizar e "desnazificar" o país.