Lula promete "abrasileirar" o preço da gasolina se eleito: "O mercado fica nervoso"

Em entrevista a rádio do Ceará, o petista defendeu que "não tem nenhum sentido" a atual política de preços que é praticada pela Petrobras, baseada na cotação internacional

16:40 | Fev. 17, 2022

Por: Maria Eduarda Pessoa
Ex-presidente Lula (foto: Reprodução/YouTube)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 17, que, se eleito no pleito de 2022, vai “abrasileirar” o preço da gasolina. O petista disse ainda saber "que o mercado fica nervoso" com a declaração.

“Eu quero dizer em alto e bom som. Eu sei que o mercado fica nervoso quando eu falo, mas eu quero que eles pensem o seguinte: nós vamos abrasileirar o preço da gasolina. O preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em reais. A gente vai tirar gasolina, vai aumentar a capacidade de refino”, disse o ex-presidente durante entrevista à rádio Progresso, do Cariri (CE).

“Nós temos que fazer mais refinarias, porque hoje as nossas refinarias foram vendidas, estão algumas para ser privatizadas. O Brasil está refinando 25% de gasolina a menos”, continuou.

Atualmente, o valor do combustível é calculado em dólar e o petróleo segue a cotação internacional. Durante a entrevista, Lula afirmou ainda que “não tem nenhum sentido” o Brasil manter essa política de preços para definir o valor dos combustíveis internamente.

“Se o Brasil tivesse que importar petróleo, tudo bem que a gente está importando a preço internacional. O que esses malandros fizeram? Esses malandros estão destruindo a Petrobras, fatia por fatia. Na hora que eles privatizaram a BR [Distribuidora], apareceram nesse país 432 empresas que estão importando gasolina dos Estados Unidos, importando a preço do dólar. E aí o preço é internacional. Aí quem paga é o nosso companheiro com o carro, que tem um caminhão, são os caminheiros brasileiros, são os pobres que têm um carro”, disse Lula nesta quinta-feira, 17.

Durante a entrevista, o mercado esteve presente nas falas do ex-presidente. "Eu não vou pedir voto pro mercado, eu vou pedir voto pro povo brasileiro, porque o povo brasileiro é o grande mercado que eu quero ajudar nesse país", afirmou. "O mercado não existirá se não existir o povo com capacidade de trabalhar e de consumir", destacou.

Sobre a apreensão dos empresários com relação a sua chegada ao Planalto, o petista lembrou  1989, quando o empresário Mario Amato, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), declarou que se ele fosse eleito "uns 800 mil empresários vão deixar o Brasil". Uma bobagem imensa, classificou Lula. "Demorei um pouco e ganhei as eleições e nunca os empresários ganharam tanto dinheiro como ganharam no meu governo".

"O mercado vai me agradecer, porque ao invés do mercado ver alguém dormindo na sarjeta e nas ruas de Fortaleza, ao invés do mercado ver alguém dormindo na sarjeta da Avenida Paulista, ao invés da gente ver a morte daquele congolês lá no Rio de Janeiro, aquele jovem que foi assassinado brutalmente em um quiosque da praia, a gente vai ver um povo feliz", disse o ex-presidente. "Essa é uma coisa que o mercado vai ter que se acostumar, porque eu não quero que o mercado venha fazer pergunta pra mim o que eu vou fazer, eu quero perguntar pro mercado o que eles vão fazer pelo País", disse.

Na esteira de críticas, o ex-presidente também reclamou da privatização da Eletrobrás. "Vai aumentar mais a energia elétrica, para deixar o povo mais no escuro, porque os empresários privados não têm preocupação se o povo está vivendo no escuro [...] o que ele quer é lucro", afirmou. "Quem tem que cuidar do povo é o Estado", pontuou.

A opinião foi a mesma com relação aos Correios. "Eu queria dizer pra você que o correio vai continuar funcionando porque o correio presta um serviço extraordinário para o povo brasileiro", disse. "Nós vamos manter os carteiros e os Correios funcionando, não se preocupe que no nosso governo ele será fortalecido e não prejudicado" afirmou, apesar de declarar que não é favorável à "estatização de tudo", somente à de empresas estratégicas que atendam aos interesses do País.

Com informações da Agência Estado.