Advogado de Moïse diz que "estuda medidas" após Camargo chamar congolês de "vagabundo"
O advogado Rodrigo Mondego disse que a família de Moïse estava estarrecida com a "fala criminosa" de Camargo e que estudava "medidas cabíveis" contra o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL)
14:00 | Fev. 12, 2022
O advogado Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), e advogado que representa os familiares do congolês Moïse Kabagambe, rebateu a fala realizada pelo presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo. A defesa afirma que a família está "estarrecida" com a declaração e que estuda "medidas cabíveis".
Ao se manifestar sobre a morte do congolês Moïse, assassinado por cobrar diárias de trabalho em quiosque no Rio de Janeiro, Camargo definiu o homem como “vagabundo morto por vagabundos mais fortes”. De acordo com o dirigente da Fundação Palmares, o assassinato não teve relação alguma com a cor de pele de Moïse, que era negro, e sim com o “modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava”.
Sérgio Camargo afirmou que o congolês assassinado “negociava com pessoas que não prestam” e que este foi o real motivo de sua morte.
Moïse andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava.
— Sérgio Camargo (@CamargoDireita) February 11, 2022Após a publicação, Mondego disse que a família de Moïse estava estarrecida com a "fala criminosa" de Camargo e que estudava "medidas cabíveis" contra o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL). "Esse vagabundo vai responder por essa mentira absurda que está falando. A família do Moïse está estarrecida com essa fala criminosa desse sujeito. Já estamos estudando as medidas cabíveis", escreveu no Twitter.
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A família de Moïse Kabagambe foi recebida nessa quinta, 10, no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O jovem congolês de 24 anos foi assassinado em um quiosque na Barra da Tijuca, no dia 24 de janeiro. O o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos assegurou que todos os detalhes do crime serão apurados. “Estamos empenhados, com diversos promotores e procuradores de Justiça e todo o aparato do Ministério Público, para que tenhamos o efetivo esclarecimento do crime e a responsabilização de todos os culpados”, afirmou.