O que está em jogo nas visitas simultâneas de Bolsonaro e Moro ao Ceará

Segundo especialistas, a série de visitas dos presidenciáveis e ex-aliados marca o embate em torno na manutenção e conquista do eleitorado cearense mais conservador e antipetista

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) entrarão em choque durante suas agendas de visitas ao Ceará. Na região desde o domingo, 6, Moro deve passar pela região do Cariri no mesmo dia em que o chefe do Planalto chegar nesta terça-feira, 8, para visitiar o Reservatório de Jati. 

A série de visitas entre os presidenciáveis e ex-aliados marca o embate em torno na manutenção e conquista do eleitorado cearense mais conservador, grupo indispensável que deve servir de termômetro para o sucesso das duas candidaturas. Ambos devem ter como bandeira sua forte oposição aos partidos de esquerda, em especial o PT do ex-presidente Lula, que possui hegemonia no Ceará. 

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Para a cientista política Luciana Santana, professora na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), apesar da tendência da observância de um eleitoral nordestino mais alinhado à candidaturas de esquerda, grupos mais conservadores e militantes de direta na região ainda são bastante expressivos e não devem ser desconsiderados em 2022.

"Na última eleição, a gente teve nos nove estados nordestinos partidos de esquerda. De qualquer forma, não podemos negligenciar que no Nordeste esses grupos mais conservadores dialogam e gostariam de ver candidaturas de direita vencedoras. Então essas são as alternativas aí Moro e Bolsonaro", avalia a pesquisadora.  

Para ambas as candidaturas, segundo Santana, a estratégia principal será tentar retomar o sentimento de antipetismo, logo, Bolsonaro e Moro terão que provar para o mesmo público alvo que possui a melhor capacidade de revializar com o PT e o ex-presidente Lula. "A estratégia será de colocar o antipetismo como uma bandeira a ser considerada pelo eleitorado, ou seja, pra não voltar ao passado ou pelo menos que o eleitorado não tenha muita alternativa e não recue no sentido mais do centro", avalia. 

Apesar de não ser um dos temas que deve dominar a eleição, o combate à corrupção também deve entrar no cenário eleitoral. No caso de Moro, segundo a cientista, a questão deve ser mais cômoda, podendo o ex-juiz também apresentar questões de incompetência do governo Bolsonaro, como é o caso da criticada gestão da pandemia da Covid, dos baixos números da economia, entre outros. 

Por outro lado, a tendência é que Bolsonaro tente cativar um eleitorado mais fiel, avalia Luciana. "Teremos um público mais fiel a temas mais conservadores e morais, pois ele [Bolsonaro] encontra uma resposta aí Então teremos um eleitorado coeso entre as uma das candidaturas que vai se dividir. Entre aquele público mais fiel, mais conservador no sentido de costumes, e aquele que não gostaria nem de ver o PT e nem gostaria de ver Bolsonaro, aquele que efetivamente apostaria aí na possível terceira via", destaca. 

A agenda dos presidenciáveis, segundo o cientista político Uribam Xavier, representa um padrão de busca por um eleitorado mais afinado politicamente e mais distante do conservadorismo. "Eles estão na estratégia de ir para locais onde o eleitoral é mais afinado com o governo Lula. O nordeste todo, no enfrentamento da pandemia, foi muito coeso e se colocou sempre em frente às medidas do governo. Governadores, como os do Maranhão ou Piauí, era os que estavam no confronto direto com o Bolsonaro", avalia.

Segundo Uribam, as agendas não foram cruzadas de forma intencional, mas possuim o mesmo objetivo de cuidar do espaço regional cearense. "Eles estão fazendo essa campanha e acho que para dar mais visibilidade para o eleitoral eles vem para cuidar da agenda regional e buscar aliança. Eles não vem para fazer ato de massa, virão pros bastidores e para conversar com líderes locais" completa.

No caso de Sérgio Moro, a oportunidade é criar musculatura para reforçar seu nome para a terceira via. Após aliança com o Movimento Brasil Livre (MBL), a vinda ao Ceará poderia render ao ex-juiz uma boa relação com Capitão Wagner (Pros) e o futuro União Brasil, partido que o ex-ministro tenta acordo nacionalmente. A questão, contudo, estaria também nas mãos de Wagner, que ainda opta pelo bolsonarismo. 

Paa Wagner, segundo o cientista, essa seria uma boa oportunidade. "Ele [Wagner] é uma liderança com potencial, mas quando ele se aproxima do Bolsonaro ele perde e o Bolsonaro que ganha. Agora seria um momento interessante e uma possibilidade mais independente onde ele poderia se sair bem", complera Xavier. 

 

 

 

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