Barroso, do STF, diz que falta de apoio político, e não pedaladas, causou impeachment de Dilma
O membro do Supremo fez sua consideração em um artigo de inauguração da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri)O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, avaliou que ex-presidente Dilma Roussef (PT) sofreu processo de impeachment por causa da perda de apoio político, refutando a tese das pedaladas fiscais. O membro do Supremo fez sua consideração em um artigo de inauguração da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
“A justificativa formal foram as denominadas ‘pedaladas fiscais’ – violação de normas orçamentárias –, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política”, escreveu Barroso. A prévia do artigo do ministro foi obtida pelo jornal Folha de S.Paulo. A revista será lançada oficialmente no próximo dia 10.
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Barroso comparou a situação da ex-presidente com o vice, Michel Temer (MDB). “O vice-presidente Michel Temer assumiu o cargo até a conclusão do mandato, tendo procurado implementar uma agenda liberal, cujo êxito foi abalado por sucessivas acusações de corrupção. Em duas oportunidades, a Câmara dos Deputados impediu a instauração de ações penais contra o presidente”, exemplificou o ministro.
Em outro momento, o presidente do TSE também defendeu que Dilma foi retirada do poder por ter perdido influência política. Durante um simpósio, em julho de 2021, Barroso disse que “afastar a petista por corrupção após o que se seguiu” seria uma “ironia da história”. “Creio que não deve haver dúvida razoável de que ela [Dilma] não foi afastada por crimes de responsabilidade ou corrupção, mas, sim, foi afastada por perda de sustentação política. Até porque afastá-la por corrupção depois do que se seguiu seria uma ironia da história”, afirmou o ministro.
Contudo, diferente do que defendem apoiadores de Dilma e lideranças petistas, Barroso disse que não acredita que o processo de impeachment resultou em golpe. Ele defende que o trâmite seguiu “o que a Constituição Federal prevê”.